sábado, 29 de janeiro de 2011

Sonetos ao cair da noite...




     Cor Púrpura

É púrpura vênus ao entardecer
no infinito do ar cintilante.
N’amplidão vai o sol resplandecer

até que o véu da noite se levante.

O dia morre... mil estrelas vêm pascer
no cariz do céu no mesmo instante.
A lua, clara, tem o brilho que tem de ter
qual lustre da terra no céu distante.

Os bichos fogem. Nuvens de pardais
revoam na copa dos arvoredos
louvando a Deus seus cantos triunfais.

O chão adormece. É um vazio profundo.
A noite veste o manto dos segredos
e nesse abandono deita-se o mundo!






    Além do Horizonte

Amor, o tempo se fechou lá fora,
ouve o bramir da chuva no solo.
Fica aqui dentro, não te vás agora,
deixa-me adormecer no teu colo

e sente essa paixão que me devora
até as águas fluírem ao outro polo.
Enquanto as nuvens não vão embora,
no teu beijo, os meus lábios consolo.

Após o temporal vem a calma, suave,
singrando os céus o flanar d’uma ave
perdida no azul da imensidade.

Olha o sol dourando os horizontes,
abre a porta, sente a brisa dos montes,
adeus... nos veremos na eternidade!





    Andanças

Andemos. Sob os nossos pés descalços
florescem ricos tesouros falsos:
Búzios, conchas, mil estrelas do mar...

É tarde! O sol alarga-se nos penedos.
O beijo, coragem feita em medos,
é a certeza na dúvida do olhar.

Andemos. Brisa suave, pele nua,
entre as ondas cheias de minério.
Num rasgão do céu desnuda-se a lua
e a noite abre o seu palco de mistério...

Andemos. Chão de areia, a nossa rua,
até as estrelas no altar sidéreo.
Eu, solidão, hei de unir-me à tua,
sol e lua na amplidão do hemisfério!


    Inácio Dantas
    Do livro ® “Sombras e Luzes

    Outros Sonetos:

    Temas relacionados (Sonetos para o dia dos Namorados):

    Filosofia de vida em espanhol, do mesmo Autor:

sábado, 15 de janeiro de 2011

Poema de luz: Sonetos para iluminar a alma




     Grito Mudo

Dize-me se teu amor está pronto
para ter o meu, que há tempos guardei-o;
se teu amor por mim estiver no ponto
deixa-o entrar no âmago do teu seio...

Dize-me se teu amor está pronto
antes ter uma flor que um jardim alheio.
Deixa-o vibrar, o desejo em contraponto,
somos dois polos unidos pelo meio...

Façamos o pacto das paixões eternas:
Dá-me o coração, vigas de um lar,
e dou tudo que der pra te dar.

Por fim, enlaçados braços e pernas
faço explodir do amor o conteúdo
mordendo os lábios num grito mudo...





     Futuro 

Os tempos são idos, ficou a lembrança,
dos meus ontens e amanhãs de outrora.
Balões de nuvens no meu olhar de criança
e o sol da manhã rompendo a aurora.

Era um mundo chamado esperança
e por dentro eu via no lado de fora:
o céu, o mar onde a alma descansa
e o tear da vida tecendo a hora.

Foi assim, relâmpago na existência,
fogo-fátuo, chama frágil ao vento,
uma janela no vão do pensamento.

Hoje, na retina da consciência,
busco no meu eu que deixei guardado
ver o futuro com os olhos no passado!







     O amanhã

Por que me invades, ó incerteza
e dizes não ser o que és na verdade?
És o tempo que nos leva a beleza
na certeza que nos traz a idade!

Fica uma ilusão na minha tristeza
e jogo as trevas na claridade.
Brilha ao longe, esperança acesa,
seu nome me diz: felicidade.

Tudo que me podes dar quero ter:
O abstrato, o poder que vem na razão
e a matéria na exata proporção.

-Deus, quantos amanhãs terá o meu viver?
Antes, dê-me o dobro de coragem,
eu, que já sou de mim uma miragem...





     Sonho

Amor? Não, ainda não foi desta vez,
mas, juro, passou por mim tão perto...
Pude vê-lo dividido em três:
O amor, você e o meu eu deserto.

O que eu vi era amor, estou certo
e acho que me viu na sua altivez.
O olhar que fulgia por um vão aberto
o meu olhar procurava, talvez...

Era uma luz fugaz, brilho intenso,
gravando no ar enquanto some
todas as letras que têm seu nome.

Vejo, mas não revelo o que penso,
guardo-o em mim e a sonhar prossigo
e vou no meu sonho que vai comigo...




     Adeus...

Do seu amor já não me lembro tanto
é quase sombra no meu pensamento
foi se apagando qual um encanto
onda no mar do esquecimento.

Viveu no meu peito e no entanto
vi sua morte no meu sentimento.
Detrás da alegria escondi o pranto
mas não guardei-o no arrependimento.

Um dia, sem notar o coração aberto,
um anjo, dos sorrisos o mais belo,
entrou e fez de nuvens seu castelo.

Em quem prendi-me eu me liberto!
Partiu, asas ao vento, nem disse oi,
abriu a porta dos meus sonhos, e se foi...


     Inácio Dantas
     do livro “Sombras e Luzes” ®

     Outros Sonetos:

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segunda-feira, 10 de janeiro de 2011

Sonetos para viver um grande amor!




       Diana
    (Mais uma vez)

Vem, vamos fazer amor mais uma vez
e matar essa vontade que vive acesa.
Vamos fazer um amor que ninguém fez
no chão, na cama, em cima da mesa...

Vamos refazer o ato uma, duas, três
vezes, até exaurir o corpo de fraqueza;
vou, do amor a dois profanar as leis
qual um lobo devorando sua presa...

Vem! Eis ali as colinas do prazer.
Saibas que, de mim, num fervor intenso,
te dou o melhor amor que podias ter.

Vem!  Algo assim tão bom jamais supunha.
Quero, para te provar o meu amor imenso,
quatro  paredes e Deus por testemunha!





       Dore
    (The game)

Today I still remember your name
Oh God, how can I forget him?
You  in my arms in the love game
your hands, my lips in your skin...

How many times I saw the happiness.
Winning or losing ? Anything if we are together.
But, between us we know,  with tenderness,
In the love game, the more,  the better!

Now I listen our favorite song.
The  past is back again, strong,
and I think “Where are you, Dore?”

The love game doesn´t play alone.
I wanna play, but I need someone,
me, you, a bed...  and nothing more...





        Dore
     (O jogo)

Ainda hoje me lembro o seu nome
oh Deus, como posso esquecê-lo?
Você nos meus braços no jogo do amor,
suas mãos, meus lábios na sua pele...

Quantas vezes eu vi a felicidade.
Ganhar ou perder? Qualquer coisa se estamos juntos.
Mas, entre nós dois sabemos, com ternura,
no jogo do amor quanto mais tanto melhor!

Agora eu ouço nossa canção favorita.
O passado está de volta, forte,
e eu penso “Onde está você, Dore?”

O jogo do amor não se joga sozinho.
Quero jogar, mas preciso de alguém,
eu, você, uma cama... e nada mais...




         Eduarda
         (Dúvida)

Não estranhe meus lábios murmurantes
dizendo pérolas no seu ouvido
palavras doces que por certo antes
se outro alguém lhe disse, duvido.

Não estranhe meus lábios lancinantes
roubando beijos, qual fruto proibido,
beijos tão doces que por certo antes
se outro alguém lhe beijou, duvido.

Duvido que seus lábios, que são meus,
que têm o mel do amor que outros não têm
sussurraram afins de outro alguém.

Beijá-la é a certeza que existe Deus
que o sol se ilumina no seu sorriso
que existe na terra um paraíso!



             A thing…

Between us was born a wonderfull thing
and will live with us for long and long years.
I fel, and I see the love begining
in the sun of your smile; the rain of yours tears.
               
I want explaner  but I don’t find explanation
a sweet love joining you and I.
Now, I open my heart for that sensation
It takes my body and makes me fly...

Love of lovers born in a few time!
For ever and ever I waited. If you didn’t appear
alone, what I will do of my life?

Wellcome! Hold me and give me yours hands.
I want the world looking at us, don’t fear,
that thing between us who has a heart understands...




         Uma coisa...

 Entre nós nasceu uma coisa maravilhosa
 e viverá conosco por longos e longos anos.
 Eu sinto, e vejo o amor nascendo
 no sol dos seus olhos; na chuva das  suas lágrimas.

 Quero explicar, mas não encontro explicação
 um doce amor unindo você e eu.
 Agora, abro meu coração para essa sensação
 que toma meu corpo e me faz voar...

 Amor dos amores nascido na fração do tempo!
 Por todo o sempre esperei, se não surgisse,
 sozinho, que sentido teria o meu viver?

 Bem-vinda! Me abrace e dê-me a mão.
 Quero que o mundo nos veja, não tenha medo,
 essa coisa entre nós quem tem coração entende...



   Soneto para quando o amor vier

Quando o amor vem, jorrando pelas veias,
faz o sol mais cálido, a lua mais bonita;
une duas bocas, de vontade cheias,
urra no pelo o vândalo que lhe habita.

Quando o amor vem, sem verdades meias,
constrói um lar no seio de quem acredita;
abre o sentimento, planta emoções alheias
e, do pecado colhe a flor bendita...

Quando o amor vem sem a chave da licença
em seu cárcere presos não são poucos
pois abrimos a porta ao ver sua presença.

Quando o amor vem deixa em caos os nervos
rimos e choramos, na ilusão dos loucos,
a ele servimos qual ao rei os servos!

     Inácio Dantas
     do livro de Sonetos “Janela para o Mar

     Outros Sonetos:

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domingo, 9 de janeiro de 2011

Sonetos para a mulher amada!




     Amanda
    (Regresso)

Estou de volta... agora pra ficar
eu combinei comigo novos planos;
curar as chagas que deixei sangrar
num passado de acertos e de enganos.

Dê-me o perdão. É tão nobre perdoar
alguém que errou pouco em  muitos anos.
Creio que o destino me fez voltar
pra lhe pagar em vida os meus danos.

Ainda tem amor aqui nesse que lhe fala
que cruzou o mundo, sofreu desventuras
e por água bebeu fel em taças escuras.

Estou de volta. Abra o fecho da mala.
Olhe. Levei ilusões num compartimento
mas, trago de volta o arrependimento!






      Ana Beatriz
    (Gentil Senhora)

Abriga-me nos braços gentil senhora
deixa meu coração sorrir contente
afaga esse querer que me bate agora
e me põe na boca teu beijo ardente.

Te quero amar, minh´alma te implora,
por um grande amor anda tão carente...
Abriga-me nos braços gentil senhora
contra a nudez macia do teu seio quente.

Ando tão só, sem amor dentro de mim.
-Dá-me felicidade, Ana Beatriz,
 pois tenho inveja de quem é feliz.

A dor do desamor sempre tem um fim:
-Que o princípio do fim seja aqui e agora
 no sol dos teus braços, gentil senhora!





        Ana Rita
  (A promessa de Ana Rita)

Quanta vez ouvi um não de Ana Rita
nos segredos do seu corpo era brava.
Se ela queria, me olhava, fazia fita
me deixava louco e depois negava...

Era sagaz. Voz suave, face bonita
por ela os dragões do medo enfrentava.
Viajei entre os lábios de Ana Rita
naquilo não, mas no mais era escrava...

Seus braços abertos faziam um laço
duas teias nacaradas, de tênue fio,
que me prendiam qual um bicho no cio...

Me fazia jorrar lavas no espaço
e repetia ao tocar sua coisa nua:
“Amor, amanhã ela vai ser todinha sua...”




           Augusta
    (Chuva de lembranças...)

Quando chove eu lembro de Augusta
o bramir do vento sobre o arvoredo
o resplandecer dos raios na noite adusta
e a luz da manhã raiando bem cedo.

Lá fora o frio. Aqui o calor de Augusta,
chovendo beijos de paixão e segredo.
Eu, abrindo o portal da sua coisa justa.
Ela, dobrando as tormentas do medo...

Relâmpagos batiam na janela
que tremiam com a força do vento,
brunindo dois corpos em movimento...

Quando a chuva cai eu me lembro dela.
Deixo-me lembrar. Lembrar-me não custa.
E meus olhos chovem ao me lembrar Augusta...





             Bianca
(Minha felicidade fez estágio com ela.)

Abri o álbum, revi a foto de Bianca,
meu olhar fez no seu corpo uma viagem.
Desnudei-a, e vi no jardim da sua imagem
pétalas negras numa rosa branca...

Mirei-a... e fui dando vida à miragem
e naufraguei na volúpia de Bianca.
Sem pudor me tomou em cada anca
e rolou comigo feito uma selvagem...

Bianca, Eva que me deu a castidade!
Guardo coisas que só fazíamos nós
doidivanas sob a treva dos lençóis...

Fecho o álbum. Dentro fica a saudade.
Onde está? Longe, o pensar me diz,
fazendo um outro alguém feliz!







                Carla
(Seu passado vive no presente.)

Já não está aqui quem te amou outrora
quem se deu muito pra tão pouco ter
quem deu luz e calor nada restou agora
só a névoa espessa do anoitecer.

Já vai bem longe ao cair a hora
ao raiar o sol e brilhar o amanhecer.
Apenas o silêncio de quem foi embora
por todo o sempre vai permanecer.

Vou deixar o sabor amargo da ausência
pois perder-me foi um terrível teste
eu, que tanto te quis e não me quiseste...

E assim, um dia ao longo da existência,
vais sentir, ao cruzar o céu, terra e mares
a boca sorrir quando de mim lembrares...





               Celina
      (Meu erro e Celina)

Brigamos. Sem razão deixei Celina.
Minhas roupas, meus discos de Caetano
fecho nas malas e reabro minha sina:
Vivo assim, entre o amor e o desengano.

Olho em frente – Atrás um mundo em ruína,
tem dia que mais parece ser um ano -.
A vida nos pune mas também ensina:
-A ter um amor assim que me tenha o abandono.

Sigo. No palco dos sós abro a cortina.
Nosso lar, castelo onde fui rei,
pelas ruas paguei caro quando errei.

Brigamos. Deus, quanto ódio em Celina!
Hoje eu sei... Ela viu o nome de Brenda
dentro dum coração na minha agenda...





                 Brenda
(Agora nossos segredos são um só.)

Deixei outro amor pelo amor de Brenda
pus meu erro no baú da recordação.
Quero ter a mão de quem me compreenda,
ela sim, ela tem o dom da compreensão.

Quero que a fornalha do amor ela acenda
e no fervor dos seios,  brisas de emoção...
Se viver é um jogo o prêmio é Brenda
com ela a vida tem nova dimensão.

Agora aos seus afagos torno mais cedo
que sempre é tempo pra recomeçar:
-De tanto perder aprendi a ganhar!

Assim, quebramos as trancas do segredo
e, sob os lustres da cama dourada
viajamos nas trevas da madrugada...






               Cida
            (Perdão)

Ainda tem lugar dentro do meu peito
pra outro amor quando o teu for embora;
a vida é mesmo assim, o insatisfeito
vai buscar novo amor na mesma hora.

Nunca é tarde pra relembrar outrora
e refazer o laço que não tá desfeito;                                    
o perdão reconstrói o lar de quem se adora
pois, do amor ao ódio o caminho é estreito.

Sempre é tempo pra uma volta sincera
pra despertar do sonho adormecido
pra reencontrar o que se achou perdido.

Vamos, a esperança nos espera!
Nesse mar de guerras e separação
perdoar é a tábua de salvação!
  
     do livro “Janela para o Mar

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