segunda-feira, 13 de fevereiro de 2012

Três sonetos numa segunda-feira de verão



          Conselhos...

Conselho pra quem diz é um remédio
quando a voz tem brandura e sensatez.
Não cobra quem dá; não paga quem pede-o
mas, entra amargo na idéia do freguês...

Conselho é bom. Mais ainda pra quem cede-o
mas, sua essência não usou nenhuma vez.
Só conselho de pai nada transcede-o
não tem erros, incertezas nem talvez.

Conselho nem sempre nos faz feliz.
Às vezes tem alegria, outras lamento,
palavras vazias lançadas ao vento...

Conselho é obra sublime pra que diz:
busca salvar o mundo como um deus
e não resolve nem os problemas seus...





          Fênix

Não culpe ninguém pelo seu fracasso
ter sangue burguês e viver na penúria
num mundo imenso sem dar nenhum passo
aprisionado nos grilhões da lamúria.

Vai. Recolha de si cada pedaço
que se quebrou num momento de fúria
e reerga a vida co´a força do braço
pois a dor do labor nada há que não cure-a.

Tire a férrea máscara da derrota
que lhe estampa o martírio no rosto
não exista pra dar gosto ao desgosto.

Olhe-se por dentro, seu poder ´stá vivo.
Reúna sua força, erga-se do lodo
e ressuscite aos olhos do mundo todo!





          Vício

Se o amor for droga vou viver dopado
pairando no ar como seda fina
vendo esferas sob um véu quadrado
sorvendo amor, qual fosse cocaína.

Quero velejar no céu ao teu lado
em nuvens diáfanas de purpurina;
provar o prazer que jamais hei provado
qual overdose fatal de heroína.

Quero assistir um anoitecer dourado
e colher estrelas... mas, melhor seria,
provar teu amor toda hora e todo dia.

Se o amor for droga vou viver drogado:
Abrir o teu corpo pra entrar o corpo meu
e os dois em um atingir o apogeu!

     Inácio Dantas
     Do livro “Janela para o Mar ®”

    Breve disponível em e-book (Epub)