domingo, 9 de janeiro de 2011

Sonetos para a mulher amada!




     Amanda
    (Regresso)

Estou de volta... agora pra ficar
eu combinei comigo novos planos;
curar as chagas que deixei sangrar
num passado de acertos e de enganos.

Dê-me o perdão. É tão nobre perdoar
alguém que errou pouco em  muitos anos.
Creio que o destino me fez voltar
pra lhe pagar em vida os meus danos.

Ainda tem amor aqui nesse que lhe fala
que cruzou o mundo, sofreu desventuras
e por água bebeu fel em taças escuras.

Estou de volta. Abra o fecho da mala.
Olhe. Levei ilusões num compartimento
mas, trago de volta o arrependimento!






      Ana Beatriz
    (Gentil Senhora)

Abriga-me nos braços gentil senhora
deixa meu coração sorrir contente
afaga esse querer que me bate agora
e me põe na boca teu beijo ardente.

Te quero amar, minh´alma te implora,
por um grande amor anda tão carente...
Abriga-me nos braços gentil senhora
contra a nudez macia do teu seio quente.

Ando tão só, sem amor dentro de mim.
-Dá-me felicidade, Ana Beatriz,
 pois tenho inveja de quem é feliz.

A dor do desamor sempre tem um fim:
-Que o princípio do fim seja aqui e agora
 no sol dos teus braços, gentil senhora!





        Ana Rita
  (A promessa de Ana Rita)

Quanta vez ouvi um não de Ana Rita
nos segredos do seu corpo era brava.
Se ela queria, me olhava, fazia fita
me deixava louco e depois negava...

Era sagaz. Voz suave, face bonita
por ela os dragões do medo enfrentava.
Viajei entre os lábios de Ana Rita
naquilo não, mas no mais era escrava...

Seus braços abertos faziam um laço
duas teias nacaradas, de tênue fio,
que me prendiam qual um bicho no cio...

Me fazia jorrar lavas no espaço
e repetia ao tocar sua coisa nua:
“Amor, amanhã ela vai ser todinha sua...”




           Augusta
    (Chuva de lembranças...)

Quando chove eu lembro de Augusta
o bramir do vento sobre o arvoredo
o resplandecer dos raios na noite adusta
e a luz da manhã raiando bem cedo.

Lá fora o frio. Aqui o calor de Augusta,
chovendo beijos de paixão e segredo.
Eu, abrindo o portal da sua coisa justa.
Ela, dobrando as tormentas do medo...

Relâmpagos batiam na janela
que tremiam com a força do vento,
brunindo dois corpos em movimento...

Quando a chuva cai eu me lembro dela.
Deixo-me lembrar. Lembrar-me não custa.
E meus olhos chovem ao me lembrar Augusta...





             Bianca
(Minha felicidade fez estágio com ela.)

Abri o álbum, revi a foto de Bianca,
meu olhar fez no seu corpo uma viagem.
Desnudei-a, e vi no jardim da sua imagem
pétalas negras numa rosa branca...

Mirei-a... e fui dando vida à miragem
e naufraguei na volúpia de Bianca.
Sem pudor me tomou em cada anca
e rolou comigo feito uma selvagem...

Bianca, Eva que me deu a castidade!
Guardo coisas que só fazíamos nós
doidivanas sob a treva dos lençóis...

Fecho o álbum. Dentro fica a saudade.
Onde está? Longe, o pensar me diz,
fazendo um outro alguém feliz!







                Carla
(Seu passado vive no presente.)

Já não está aqui quem te amou outrora
quem se deu muito pra tão pouco ter
quem deu luz e calor nada restou agora
só a névoa espessa do anoitecer.

Já vai bem longe ao cair a hora
ao raiar o sol e brilhar o amanhecer.
Apenas o silêncio de quem foi embora
por todo o sempre vai permanecer.

Vou deixar o sabor amargo da ausência
pois perder-me foi um terrível teste
eu, que tanto te quis e não me quiseste...

E assim, um dia ao longo da existência,
vais sentir, ao cruzar o céu, terra e mares
a boca sorrir quando de mim lembrares...





               Celina
      (Meu erro e Celina)

Brigamos. Sem razão deixei Celina.
Minhas roupas, meus discos de Caetano
fecho nas malas e reabro minha sina:
Vivo assim, entre o amor e o desengano.

Olho em frente – Atrás um mundo em ruína,
tem dia que mais parece ser um ano -.
A vida nos pune mas também ensina:
-A ter um amor assim que me tenha o abandono.

Sigo. No palco dos sós abro a cortina.
Nosso lar, castelo onde fui rei,
pelas ruas paguei caro quando errei.

Brigamos. Deus, quanto ódio em Celina!
Hoje eu sei... Ela viu o nome de Brenda
dentro dum coração na minha agenda...





                 Brenda
(Agora nossos segredos são um só.)

Deixei outro amor pelo amor de Brenda
pus meu erro no baú da recordação.
Quero ter a mão de quem me compreenda,
ela sim, ela tem o dom da compreensão.

Quero que a fornalha do amor ela acenda
e no fervor dos seios,  brisas de emoção...
Se viver é um jogo o prêmio é Brenda
com ela a vida tem nova dimensão.

Agora aos seus afagos torno mais cedo
que sempre é tempo pra recomeçar:
-De tanto perder aprendi a ganhar!

Assim, quebramos as trancas do segredo
e, sob os lustres da cama dourada
viajamos nas trevas da madrugada...






               Cida
            (Perdão)

Ainda tem lugar dentro do meu peito
pra outro amor quando o teu for embora;
a vida é mesmo assim, o insatisfeito
vai buscar novo amor na mesma hora.

Nunca é tarde pra relembrar outrora
e refazer o laço que não tá desfeito;                                    
o perdão reconstrói o lar de quem se adora
pois, do amor ao ódio o caminho é estreito.

Sempre é tempo pra uma volta sincera
pra despertar do sonho adormecido
pra reencontrar o que se achou perdido.

Vamos, a esperança nos espera!
Nesse mar de guerras e separação
perdoar é a tábua de salvação!
  
     do livro “Janela para o Mar

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