Bateu cinco horas, o galo logo vai cantar
detrás da montanha, o sol começa a brilhar.
Tomo um café quente, como um restolho de pão
saio pro trabalho, oito alqueires de plantação
Dou um assovio, chamo Valente, um cão trigueiro,
bom caçador, fiel companheiro.
Dou ração pros bichos, arreio meu alazão
tenho tudo aqui, mas vive só o meu coração.
Pego o estradão, vou galopando na imensidade
lembro de alguém que ficou lá na cidade.
Ouço a brisa mansa, e o rangido na cancela
repetindo seu nome, Gabriela, Gabriela...
Vejo o campo verde, e o meu roçado em flor
sinto um perfume, lembro do meu amor.
A paixão é forte, como o vento no temporal,
e meus olhos choram no meio do milharal.
Vida de caboclo, é roça, bicho e plantação
a dor é doída pra quem vive a solidão.
Preciso casar, ter aquela que eu sempre quis,
quem vive sozinho, nesse mundo não é feliz.
Final de semana, vou passear lá na cidade
rever a morena, matar esta saudade.
Minha alma canta quando estou ao lado dela
repetindo seu nome, Gabriela, Gabriela...
Meus dias são frios, as noites sem calor
até os sabiás se recolhem para o amor.
Quero ela comigo, pra enfeitar a minha roça
crianças correndo, pra alegrar minha palhoça.
Quem ama a terra, nasce e morre nessa lida
plantando a semente e colhendo a comida
Tem o braço forte e o orgulho varonil
trabalhando forte pra grandeza do Brasil.
Vou me declarar, renovar a esperança,
Levá-la pro altar, já comprei as alianças,
sou um caboclo feliz, nos braços dessa donzela
-Vou te amar pra sempre, Gabriela, Gabriela...
Inácio Dantas
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