sexta-feira, 29 de julho de 2011

Sonetos de Sonhos e Estrelas




Pesadelos...

Erga-se, dobre a força, atire a lança
nesse demônio que ruge à sua frente,
fira o peito se a alma não alcança
corpo de anjo, cauda de serpente.

É o monstro que se aloja na lembrança
e devora a visão clara da sua mente;
sonho... monstro banal de toda gente,
nau sem rumo no mar da esperança.

Se arme até os dentes pra sonhar
ou um dragão toma forma e se alumbra
e o leva pras entranhas da penumbra...

É bravio, mas não desista sem lutar,
mate-o, só quem o fez pode vencê-lo,
ou ele voltará n´outro pesadelo...




Eu-estrela

Eu vi minha alma naquele sol
sol da minha vida aberto em flor,
vi a aurora do meu ser num arrebol
não me coube nos olhos o esplendor.

Vi o meu futuro nascer num parol
ao brilho da lua num mundo sem cor,
rompia o espaço na luz de um farol,
o próprio olho de Deus, o Criador.

Vi os meus dias surgindo nos astros,
sua claridão seguindo meus rastros
até se perderem na poeira do nada...

No pano-azul, ao som de clarins e banjos,
vejo-me quem sou num bando de anjos:
-Uma estrela no céu da madrugada!





Ilusão

Ante os meus olhos são os teus mais belos
que o clarão do sol no seu esplendor.
Deus, negar-me a visão desse fulgor
é ter meus olhos num espelho e não vê-los!

O sol é flor em chamas nos teus cabelos
pétlas que ao cair mudam de cor.
Teu sorriso tem do ouro o valor,
ter teus lábios sem um beijo é não tê-los!

Teu corpo... barco no mar da paixão.
Vejo-o, se ele não vir-me vou perdê-lo
na  paisagem de penumbra e gelo...

Teu amor é a chave da minha prisão!
Mas, prefiro sofrer por te perder
que pela ilusão que te posso ter...





Lembrar-te...

Lembrar-te é ver renascer o amor
não que morreu, só ficou adormecido;
mar letárgico, ondas de torpor
lembrança que não hei esquecido.

Lembro-me que te amei, com tal fervor
que nasci de novo sem ter morrido;
guardei no silêncio ecos de clamor
teu nome de saudade revestido.

Lembrar-te é unir tempo e espaço
abrir as asas longas da imaginação
voar num desejo pleno de emoção.

Agora, lembrar-me é tudo que faço:
vens em sonhos, e por mais que não olhe-os
vejo sorrir tua cara nos meus olhos!





Lustre

Eis a lua, ornada da própria beleza
em torrentes de um níveo fulgor,
veste de nudez o corpo de princesa
qual saído das telas de um pintor.

No céu da noite, astros já sem cor
mergulham num breu de imensa largueza.
Vem o dia. Eis o sol, cascata d'esplendor
qual u´a gigantesca lâmpada acesa!

Colho-os na mina dum olhar radiante,
gema rúbea, pérola coruscante,
e guardo, nas mãos em cofre, o meu tesouro;

transponho o ar com o punho firme
vou, de áureas estrelas nutrir-me,
e beber a prata da lua em taças de ouro!

     Inácio Dantas
     Do livro (c)  “Sonetos para Sempre”
 
    Temas relacionados (Autoajuda):

    Temas complementares (Meditações):

sexta-feira, 15 de julho de 2011

Poemas sertanejos para musicar.




   Domingo à noite

Fim de outono, cai a derradeira flor
Pétalas lindas entre as folhas no jardim
Segunda a sexta liguei tanto pra você
Fim de semana, você nem ligou pra mim

O vento abre as cortinas da janela
Estou na sala, entre a luz e a escuridão
Ela me esqueceu, eu fiquei pensando nela
Mais uma dose, um cigarro,  uma canção...

(Refrão)
Domingo à noite, estou sozinho outra vez
Pensando nela, no amor que a gente fez
Domingo à noite, na mais triste solidão
Jogado aqui, igual aquela flor no chão...

Deito na cama, me devora o desejo
Meu corpo queima debaixo do cobertor
Sinto na boca, saudade do teu beijo
Mais um domingo, vou dormir sem teu amor

Vai ser tão frio o inverno sem você
Vou congelar, meu amor estremecer
Se não voltar logo, preste atenção
Vou ficar jogado aqui,
igual aquela flor no chão...

>> 

  Lição de amor

Se você soubesse as coisas que eu sei
Quanto já sofri, quanto já chorei
Viajei o mundo, terra, céu e mar
Aprendi de tudo, só não aprendi amar

Aprendi nos livros, grego e filosofia          
Dissequei a teoria da relatividade
Me ensinaram tudo, eu aprendi então
Só não me ensinaram coisas do coração

Por isso estou aqui nos braços teus
E troco o meu saber pelos teus beijos
No banco da escola que estudei
Não aprendi os truques do desejo

 Me ensina a geometria do teu corpo
 Teu norte e sul me deixam louco
 Do prazer eu nada sei, me ensina por favor
 Quero aprender o que é o amor

Tudo que eu sei é mera fantasia
Quero aprender as rimas da poesia
A lua, as estrelas, a beleza de uma flor
Quero aprender o que é o amor!

>> 

     Grande Prêmio

Segura o bicho que é fogo na serra
Vai sacudir a superfície da terra
Pra não lembrar
De quem se foi
Sela o cavalo, entra logo na arena
Pra esquecer a morena
Lança o laço no boi

Quem tem amor segura o bicho no freio
O coração é como o boi no rodeio
Se bobear
Fica na mão
O boi sacode, te levanta no ar
E te derruba no chão

Fui pra Barretos, deixei tudo pra traz
Mulher, e filhos que me amam de mais
Ela me disse
Adeus paixão
Leva a bota, medalhão e chapéu
Que a vida de peão
É entre a terra e o céu

Cavalo bravo, rês e touro indomado
Quero ganhar a taça de campeão
Mando um beijo                                                                     
Pro meu amor
Faço as malas, que eu tou com saudade
O meu grande prêmio é a felicidade!

     (c) Inácio Dantas


  

sábado, 9 de julho de 2011

Cinco Sonetos Sublimes (I)



    Soneto "Voz divina"

“O reino dos céus Eu lhe darei!”
Bradou uma voz lá das alturas.
“Prove a hóstia das escrituras
e segue o que diz a Minha lei.”

“Quebre o cálice das amarguras,
abre sua alma ao Novo Rei;
O sangue que na cruz Eu derramei
é luz eterna nas noites escuras.”

Hoje me encontro no Teu nome,
no meu peito fiz Tua guarida
e em mim sinto viver a Tua vida.

Dá o pão do amor à minha fome,
teu amor é novo, meu corpo velho,
eis aqui o meu reino: o Evangelho!




      ELE Vive

Sorria! O céu ainda está no seu lugar
e Aquele que o habita te conduz.
Entre o sol e as estrelas, eis o Seu lar,
lá, vive desde Sua morte na cruz.

Ele é o Verbo: Sua palavra seduz,
Hás de encontrá-Lo no teu procurar.
No teu crânio guarda o nome: Jesus.
Ele vive s’estiver no teu pensar.

Quem teria dois mil anos de história
sangue e lágrimas unidas pela fé
se não fosse Ele filho de quem é?

Só o Seu reino tem beleza e glória!
Jóias, castelos... não valem isto
que está na mão direita de Cristo!




       Altíssimo

A morada do Altíssimo é o céu.
O Altíssimo no Alcorão é  Alá;
Seu Filho é Jesus, e também Emanuel,
O Verbo, no livro bíblico, é  Geová!

Para os Zens o Altíssimo é Buda
e o mesmo é Moisés para os judeus;
Ele é um só, mas seu nome é que muda,
toda prece vai buscar o mesmo Deus!

Ele 'stá em nós, na fé que nos invade,
Seu amor vence o tempo mas não desfaz-se,
mesmo sem jamais ter visto Sua face.

Em francês Ele é Dieu; em inglês God:
são mil formas, tradução sempre igual,
Ele é O Rei na linguagem universal





    Uma conversa com Deus

Sim, Deus meu, somos filhos da baderna,
tudo fazemos pra não merecer-vos;
Olhai, já não mais nascemos vossos servos,
somos os romanos da era moderna.

Todos buscam o caminho para ter-Vos
na essência de uma luz que se alterna:
Ou é a morte a nos mostrar a vida eterna
ou é a vida a matar-nos, pele, nervos...

Falais por mim, e Ouvis o que Vos falo,
pois se Vosso nome elevo-O nas dores
n´alegria, morra-me a voz se eu negá-Lo!

Deus, nos destes o amor, para ele dar-Vos
como centelhas num plural de cores
n´alma dos gênios, no coração dos parvos...





             Portal

Estou com Deus onde quer qu´eu esteja
e Ele em mim, no pacto da oração.
Vou louvá-Lo.  Carne, vinho e cerveja,
vou pular, cantar, rolar pelo chão...

Vou sublimar o que a alma deseja,
cultuar o Seu nome nesta canção.
No altar da fé, pleno de emoção,
erguer o muro forte da Sua igreja.

Quero viver a dádiva da Sua glória
e ao tocar o fruto que dá o chão
sentir que nele já tocou Sua mão.

Não quero pra mim uma vida ilusória.
Assim, desprendo-me do meu ser carnal
e vou com Ele para o reino imortal!

     Inácio Dantas

     Temas relacionados (Deus, o governante):

     Temas complementares (Bons ideais):