sábado, 26 de fevereiro de 2011

Sonetos para um coração apaixonado...



         Lar

Esta casa é o nosso lar.  Abra a porta,
entre. Se a saudade lhe tomar, vence-a.
Acenda a lampa, o passado é sombra morta,
encha de luz o vazio da sua ausência.

Onde estava?  Longe? Não importa,
meu perfume do viver tem sua essência.
Sua volta é a razão que me conforta:
ao partir eu fui na sua consciência;

Fui a solidão - uma chama sem calor –,
voei sem rumo  - um colibri sem flor  -,
uma jóia falsa de brilho coruscante.

Guarde o ontem, ser feliz é o instante,
apague a luz e se deite em nossa cama
me abrace e prove que ainda me ama!




        Ciganos

O sorriso desmente o que me dizeis
palavras sem cor se apagam no ar;
e para que a verdade nos una em três
rezo em vosso corpo o verbo amar.
            
Só o amor paga o bem que me fazeis,
sois a canção que me ponho a cantar;
vosso amor não me  cabe  de  uma vez
bebo-o em gotas,  é maior que o mar !

Sois como quis que fosse meu alguém:
Sou pleno de emoção, voz, carne, nervos
bêbado de ilusão que posso ter-vos...

O amor tem o poder, e só o amor  tem-,
para que juntos no mundo sigamos,
sob a lona do céu feito dois ciganos.




        Árvore

Plantei uma árvore aqui no meu peito
agora já não me sinto tão sozinho;
num galho bem alto, com muito jeito,
o pássaro do amor construiu seu ninho.

Não tenho nada, só o amor e um leito
e o alimento doce do seu carinho;
ave sonho dos sonhos, amor-perfeito,
árvore em sombras no meu caminho.

Plantei uma árvore, copa frondosa,
tronco, raízes entranhadas no chão
da alma, ilha de bruma e solidão.

Árvore em flor, mundo cor de rosa,
que se ergue ao longo da estrada
onde o amor fez em mim sua morada.




  
         Um nome...

Deus, de onde vem essa voz que me chama
e subitânea no meu coração aberto
jurando o Seu nome o meu amor proclama
fingindo-se distante, aqui tão perto?

Ela surge calma e depois se inflama
crestando o silêncio negro e deserto;
mostra no seu pranto a dor de quem ama,
lágrimas tristes de um amor incerto?

Seu vulto se emoldura num clarão
qual pálio entre raios de mil cores
refletindo na pele rosicler.

E a voz, invadindo a imensidão,
foi dizendo os nomes dos meus amores
e guardou o seu próprio nome de mulher...






     Soneto Íntimo

Que amor é esse, senão um martírio,
que  aos poucos me leva à loucura;
às vezes é chama, feito um círio,
outras um vulto na noite escura?

Que paixão é essa, insana, perjura,
fogo aceso, qual o sol no empíreo,
que  me afaga quanto mais me tortura,
que me leva a razão e me traz o delírio?

Vem de ti, essa força que me impele,
que me eleva num êxtase profundo,
que me arrebata aos confins do mundo...

Sinto até nos ossos o calor da tua pele!
Procuro esse alguém que agora é meu
e só vejo dentro de mim o próprio eu!

     Inácio Dantas
    (do livro (c) “Sonetos para Sempre)

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sábado, 19 de fevereiro de 2011

Poema altoastral. Sonetos para renovar o sol dos ideais


       Sol dos Ideais

Não fuja se a luta for inglória
lute, mesmo na chance mais remota.
Não beba o rum amargo da derrota
sem tentar o néctar doce da vitória.

Se o chão ruir, refaça a sua rota,
quem não vive não constrói uma história.
Sorria sempre, a tristeza ignore-a,
alegria é um bem que não se esgota!

Não fuja, não se vence sem lutar,
nem viva num mundo de fantasia
colhendo estrelas à luz do dia.

Pense grande, o querer move o mar.
E se da vida quiser algo mais
busque o sol dos seus próprios ideais!




                Prêmio

Cante, solte a voz do seu pulmão,
o palco da vida é uma grande festa;
cante e veja fluir a transformação:
o amor no peito de quem lhe detesta.

Cante, solte o deus da fascinação,
baile com o tempo que ainda lhe resta;
se a letra não lhe der inspiração
pede ao amor que ele lhe empresta.

Cante o olhar na véspera do beijo,
chamas de amor nu’a  pira transbordante
fios da noite atando o bom do instante...

Cante a canção, não desfaça o desejo,
e se ouvir o vazio do seu eu, convence-o,
pois a música é o prêmio do silêncio!




             Folhas

Não verás o mundo com esse olhar pequeno
embora aí exista um lugar imenso.
Guarda o teu pranto nas dobras do lenço,
lágrimas tristes são gotas de veneno.

Troca o grito por um riso intenso
e os anseios por um voo pleno;
vê o sol fundir em névoa o sereno
e sente o olor de mirra e incenso

ao gotejar das seivas ao relento.
Assim, se a dor vier ferir-te, fere-a
com o teu amor, qual fosse vil matéria.

Eleva teu olhar no azul do firmamento,
e se lá do céu cair nuvens de folhas
elas serão os dias da tua vida: colha-as!





                   Detalhe

Quem ama não esconde o sentimento
é igual prender a luz entre os dedos.
Quem ama diz, não sabe guardar segredos
nem cabe em si de contentamento.

Quem ama ri, põe a alma em folguedos,
canta, pula, eterniza o momento.
Quem ama voa, asas aos céus contra o vento
se agiganta, feito sombra nos penedos.

Ninguém é dono do amor. Quem ama dá-se
sem medo de exaurir o próprio ser
pois se um amor se vai outro renasce.

Quem ama tem do amor o ninguém dá-lhe:
ternura, um corpo ao anoitecer,
paixão... o mais é apenas um detalhe...

    Inácio Dantas

sábado, 12 de fevereiro de 2011

Sonetos para o coração sorrir feliz!


 



       Soneto aos poetas

Canta, entra no mundo da magia,
põe o tom da paixão n´alma inquieta
move do céu os trovões da alegria
diz o amor com lábios de profeta.

Ergue o teu pensar em linha reta
canta o que tem da vida mais valia
e se alguém não se lembrar do poeta
talvez ainda se lembre da poesia.

Fugir de um amor quem o faz se ilude,
revela uma poesia feita a esmo
quem ama e se fecha em si mesmo.

O amor é poesia na sua plenitude!
-Poeta, dessa madeira que tu lavras
constrói o teu castelo de palavras!





         Queixas

Trovões da tua ira abalaram os sólios,
a voz rasgou o peito numa dor aguda.
Gritaste até fazer tua língua muda
e brotar um rio do pranto dos teus olhos.

Mão trêmula, ao céu pediste ajuda
qual um náufrago num mar d’abrolhos.
Mas, destino e amor ninguém escolhe-os
isso tanto nos mata quanto nos saúda.

Ninguém tem a chave pra abrir o amanhã
e ver as páginas brancas do futuro
qual procurando luz num val escuro.

Ria. Envenena essa tristeza vã!
Se ele te deixou, mas dele não deixas,
vais morrer dando vida às tuas queixas...





           Filho

Homem sem prole, jóia sem brilho,
sua vida é rica, pobre de emoção,
é qual andar fixo sobre um trilho:
a linha é reta, mas não tem direção.

É vazio, é viver por dentro num exílio,
um passar pelo mundo sem razão.
Ser alguém, existir e não ter um filho
é não ter um sol ao vir a escuridão.

Ó luz do amor, sublime esperança,
ser que provém do cálix do nada
vem do pecado, coisa sagrada!

Há um mundo no olho de uma criança!
-Nos meus olhos, meu filho vê a paz,
a mesma que vi nos olhos dos meus pais!






      Homem e Mulher

Homem e mulher, desejos em harmonia,
duas metades da mesma paixão
mãos e corpos na mesma sintonia
dança na melodia do coração.

Segredos guardados na anatomia
mente, sangue e nervos em propulsão.
Viagem ao prazer... Sonho e fantasia,
poção do amor, ternura, sedução.

É assim o amor, velho e novidade,
química que ilude os sentidos
e move os passos da humanidade.

Homem, mulher, colham com todo vigor
na flor dos lábios beijos perdidos,
n’árvore do corpo o fruto do amor!








         Palavras

Não silencie, a palavra não para,
é arma que salva mas fere também.
A voz não esconde a verdade clara
viga mestra que a vida sustém.

Mais vale a palavra que jóia rara
prata e poder ao dom de quem a tem;
Deus une, mas a palavra separa,
dos céus é a terra, o mundo de ninguém.

É a palavra o segredo dos sábios.
E no universo, sob a égide das leis,
viu tombar os séculos, rainhas, reis...

Falem os olhos ao temor dos lábios!
Não ouça o nada, a palavra é tudo,
até ouvir surdo o que se diz mudo...





         Soneto do adeus

Adeus. A lâmina cruzou o instante.
Pedaços de amor caíram ao vento
rolaram nas águas do tormento
se fez pedra o que foi diamante.

Adeus. As mãos longe e por um momento
os lábios perto, o beijo distante.
O que restou do amor, qual um brilhante,
perdeu-se na caixa do sofrimento.

Aonde vais? Só o amanhã te espera!
O raio de luz dentro da esfera
enche de ouro tua alma vazia.

Estou só, um ser cortado ao meio,
parte vai, outra volta d´onde veio,
solidão, onde fiz esta poesia...







          Verdades

Dentro do silêncio tem um grito
entre os meus lábios vai explodir
e unir as coisas que mais acredito
e guardá-las sob o chão do meu porvir.

Seguirei só, a vida a me seguir,
por ruas de pétalas e granito;
procurando, nos dias que hão de vir,
meu futuro além do infinito.

Sombras, luzes... sonhos de ser feliz.
A esperança que o viver destila
é ouro dando brilho na argila.

Hoje, tudo o que sei a vida me diz,
vem, na certeza que me invade,
do chão onde pus minha verdade!

     Inácio Dantas
(c) do livro "Sombras e Luzes"

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domingo, 6 de fevereiro de 2011

Sonetos para "curtir" um novo tempo.




          Ele Vive

Sorria! O céu ainda está no seu lugar
e Aquele que o habita te conduz.
Entre o sol e as estrelas, eis o Seu lar,
lá, vive desde Sua morte na cruz.

Ele é o Verbo: Sua palavra seduz,
Hás de encontrá-Lo no teu procurar.
No teu crânio guarda o nome: Jesus.
Ele vive se estiver no teu pensar.

Quem teria dois mil anos de história
sangue e lágrimas unidas pela fé
se não fosse Ele filho de quem é?

Só o Seu reino tem beleza e glória!
Jóias, castelos... não valem isto
que está na mão direita de Cristo!





        Loucura...

Te dou meu amor, talvez não o mais lindo,
e haverá mais lindo por ventura?
Fruto colhido da haste mais pura
paixão que no peito se foi abrindo.

Dou-me, mar do desejo, infindo
bebe-o no cálice da ternura.
É néctar a seiva quando se mistura
acre perfume dos corpos se unindo.

É tudo o que tenho, o amor, nada mais.
Tem-lo por mim! O resto? Que importa
se a alegria entrar por essa porta?

Ponho-me a cantar - tristeza jamais –
solto a voz, desato a minha boca,
dançando feito uma pessoa louca!





     Soneto breve

É teu este poema, e alguns segredos,
em rimas colhidas de um hinário.
Escrevo-o com a alma, não os dedos,
faço nele o meu vôo solitário.

Sou o teu poeta! Morram os teus medos
e o mundo de ilusão no teu diário.
Trago a luz, qual sol nos arvoredos,
ao dia que se abre no calendário.

Vim de longe, veloz feito uma ave,
no seu dorso ágil, meu trotar suave,
ungir de amor o peito de quem sofre.

E te encontro nas ruas do meu verso
duas metades do mesmo universo
duas rimas na mesma estrofe!





            Erro

Perdoe-me, errei. Um erro assim, desmedido.
Julguei na emoção e sentenciei a razão.
Não é o que sou o que lhe tenho sido
quem lhe fui de mim foi uma visão

um fragmento, o avesso desconhecido,
salas escuras da imaginação.
Apague a marca do seu peito ferido
Deus fez o erro, mas também fez o perdão!

Não tem alicerce o muro dos enganos.
Ele é frágil, sem tijolos nem cimento,
é uma obra morta do pensamento.

Não mais errar incluo nos meus planos!
-Levante-se e espalme a mão no ar
aquele que não errou querendo acertar!





  
      Soneto para um ex-amor
             Despedida

Adeus... Deixo aqui minha história,
a lágrima caída, o riso que não veio.
Levo o mar dos teus olhos na memória
e o sol que havia no abrigo do teu seio.

Vou-me, coração partido ao meio,
do amor perdido na luta inglória.
No amor, ser derrotado não é feio,
na vida só há conquista na vitória.

Vejo-te, mas não vês minha passagem,
digo adeus, teus lábios não dizem nada,
levo-te em mim na minha jornada.

Sigo, um corpo imerso na paisagem,
lá atrás um mundo – céu claro adiante –,
fecho as mãos e colho a flor do instante...!





  
       Testamento

Ó ondas do querer, mar do desejo,
águas turvas na intensa claridade,
Tua boca d’espumas dá-me um beijo
num gosto de ilusão e de saudade.

Há um mar no horizonte do meu pejo,
lá ao longe, sob o sol da eternidade.
Preso entre as tuas mãos eu vejo
numa o amor, na outra a liberdade.

Livre. Na masmorra da incerteza,
folha solta no fio da correnteza,
sozinha nos sete mares vagueia...

Ah o amor! – Leva-me qual maré alta
e deixo, aos que sentem minha falta,
meu testamento escrito na areia!





          Pedaços

Em ti eu encontro minha parte
pedaço de mim desconhecido;
Esse eu que vive em ti tem arte
não é o mesmo eu que tenho sido.

O ser que fez em ti seu estandarte
sou eu, no meu corpo esquecido.
Vive em ti na ilusão de amar-te
outro eu dentro de mim saído...

Agora, só em ti é que eu me vejo.
Sou uma sombra feita num desenho
dando-me um mundo que não tenho.

És tudo, nada, apenas um desejo.
Vou-me nessa paixão - e comigo levo-a -
e o meu sonho se desfaz em névoa...





             Cicatriz

Teu amor do meu ser vou arrancá-lo
lá do fundo do meu peito infeliz.
Insepulto, folhas mortas no talo,
flores mortas, pois é morta a raiz.

Atiro-o longe, no fundo desse valo,
(o sentimento) e cubro-o com a cicatriz.
E não ousem esse amor ressuscitá-lo
dei-lhe muito pelo pouco que me quis.

É a paixão a grande sensação da vida
e se tiver preço, é tão grande o valor,
que só se paga com a moeda do amor.

Fecho-me em mim, abro a velha ferida,
e vem a saudade buscar, a todo momento,
tua lembrança no meu esquecimento...





        Relógio do tempo

Jamais o tempo que passa e não para
e põe num vazio o instante perdido
há de negar-nos por termos vivido.
o ódio, o amor e as rugas na cara.

Nascer, morrer... tudo faz sentido
a dança da vida é beleza rara.
À lei do cosmos nada se compara:
tudo é feito do mesmo tecido.

A vida não é um sonho que desfaz-se
nem um corpo pálido, sem glória,
dentro de um espírito sem face;

Viver é breve tempo, o compasso
das horas, relógio sem memória,
um brilho girando no espaço!





         Conflito

Se já me tens, que tanto procuras,
nos meus braços, olhos no infinito?
Em mim tem luz, lá, ruas escuras
e um mundo vivendo em conflito.

Se somos um, e tantas as amarguras,
não foi por Deus nosso amor escrito.
Dizes, sem notar, palavras duras
num sentimento que me põe aflito.

É teu meu sorriso se estás triste,
mesmo se revelas, sendo real,
que idealizei um ser que não existe.

Priva-te do meu amor que não é ruim.
Mas, se te volver a saudade fatal,
fala de outro ao pensar em mim!






           Essência

Eis-me aqui e a vida que me resta,
carne e ossos nessa estrutura
feita de matéria que não presta
que depois de morta não tem cura.

Tudo em mim a vida me empresta,
sorvo a luz, como o pão da amargura.
Dentro desse véu é tudo uma festa
amanhã, me espera a sepultura.

Fica no amor traços de uma vida.
O amor ficou em minha existência
só me vou quando for em despedida...

Eis-me aqui e o que resta do meu ser:
da felicidade, a sublime essência,
foi um sol dando luz ao meu viver!

     Inácio Dantas
 (do livro ® “Sombras e Luzes

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