Cor Púrpura
É púrpura vênus ao entardecer
no infinito do ar cintilante.
N’amplidão vai o sol resplandecer
até que o véu da noite se levante.
O dia morre... mil estrelas vêm pascer
no cariz do céu no mesmo instante.
A lua, clara, tem o brilho que tem de ter
qual lustre da terra no céu distante.
Os bichos fogem. Nuvens de pardais
revoam na copa dos arvoredos
louvando a Deus seus cantos triunfais.
O chão adormece. É um vazio profundo.
A noite veste o manto dos segredos
e nesse abandono deita-se o mundo!
Além do Horizonte
Amor, o tempo se fechou lá fora,
ouve o bramir da chuva no solo.
Fica aqui dentro, não te vás agora,
deixa-me adormecer no teu colo
e sente essa paixão que me devora
até as águas fluírem ao outro polo.
Enquanto as nuvens não vão embora,
no teu beijo, os meus lábios consolo.
Após o temporal vem a calma, suave,
singrando os céus o flanar d’uma ave
perdida no azul da imensidade.
Olha o sol dourando os horizontes,
abre a porta, sente a brisa dos montes,
adeus... nos veremos na eternidade!
Andanças
Andemos. Sob os nossos pés descalços
florescem ricos tesouros falsos:
Búzios, conchas, mil estrelas do mar...
É tarde! O sol alarga-se nos penedos.
O beijo, coragem feita em medos,
é a certeza na dúvida do olhar.
Andemos. Brisa suave, pele nua,
entre as ondas cheias de minério.
Num rasgão do céu desnuda-se a lua
e a noite abre o seu palco de mistério...
Andemos. Chão de areia, a nossa rua,
até as estrelas no altar sidéreo.
Eu, solidão, hei de unir-me à tua,
sol e lua na amplidão do hemisfério!
Inácio Dantas
Do livro ® “Sombras e Luzes”
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"Andanças" esse está belo demais!
ResponderExcluirEu era fã dos sonetos de Jenário de Fátima
e agora dos seus, com certeza! Desculpe se
incomodo, não sei se estou sendo inconveniente rs
mas é que quando eu gosto mesmo de um autor eu
fico assim meio chato. Abraço e parabéns!