sábado, 15 de janeiro de 2011

Poema de luz: Sonetos para iluminar a alma




     Grito Mudo

Dize-me se teu amor está pronto
para ter o meu, que há tempos guardei-o;
se teu amor por mim estiver no ponto
deixa-o entrar no âmago do teu seio...

Dize-me se teu amor está pronto
antes ter uma flor que um jardim alheio.
Deixa-o vibrar, o desejo em contraponto,
somos dois polos unidos pelo meio...

Façamos o pacto das paixões eternas:
Dá-me o coração, vigas de um lar,
e dou tudo que der pra te dar.

Por fim, enlaçados braços e pernas
faço explodir do amor o conteúdo
mordendo os lábios num grito mudo...





     Futuro 

Os tempos são idos, ficou a lembrança,
dos meus ontens e amanhãs de outrora.
Balões de nuvens no meu olhar de criança
e o sol da manhã rompendo a aurora.

Era um mundo chamado esperança
e por dentro eu via no lado de fora:
o céu, o mar onde a alma descansa
e o tear da vida tecendo a hora.

Foi assim, relâmpago na existência,
fogo-fátuo, chama frágil ao vento,
uma janela no vão do pensamento.

Hoje, na retina da consciência,
busco no meu eu que deixei guardado
ver o futuro com os olhos no passado!







     O amanhã

Por que me invades, ó incerteza
e dizes não ser o que és na verdade?
És o tempo que nos leva a beleza
na certeza que nos traz a idade!

Fica uma ilusão na minha tristeza
e jogo as trevas na claridade.
Brilha ao longe, esperança acesa,
seu nome me diz: felicidade.

Tudo que me podes dar quero ter:
O abstrato, o poder que vem na razão
e a matéria na exata proporção.

-Deus, quantos amanhãs terá o meu viver?
Antes, dê-me o dobro de coragem,
eu, que já sou de mim uma miragem...





     Sonho

Amor? Não, ainda não foi desta vez,
mas, juro, passou por mim tão perto...
Pude vê-lo dividido em três:
O amor, você e o meu eu deserto.

O que eu vi era amor, estou certo
e acho que me viu na sua altivez.
O olhar que fulgia por um vão aberto
o meu olhar procurava, talvez...

Era uma luz fugaz, brilho intenso,
gravando no ar enquanto some
todas as letras que têm seu nome.

Vejo, mas não revelo o que penso,
guardo-o em mim e a sonhar prossigo
e vou no meu sonho que vai comigo...




     Adeus...

Do seu amor já não me lembro tanto
é quase sombra no meu pensamento
foi se apagando qual um encanto
onda no mar do esquecimento.

Viveu no meu peito e no entanto
vi sua morte no meu sentimento.
Detrás da alegria escondi o pranto
mas não guardei-o no arrependimento.

Um dia, sem notar o coração aberto,
um anjo, dos sorrisos o mais belo,
entrou e fez de nuvens seu castelo.

Em quem prendi-me eu me liberto!
Partiu, asas ao vento, nem disse oi,
abriu a porta dos meus sonhos, e se foi...


     Inácio Dantas
     do livro “Sombras e Luzes” ®

     Outros Sonetos:

     Temas relacionados à Bíblia e exaltação:


Nenhum comentário:

Postar um comentário