terça-feira, 15 de março de 2011

Sonetos para uma paixão além da vida...


          Unidade

Quem quer um grande amor tem que dar-se
abrir o peito, mostrar o eu interior,
sem iludir o sentimento num disfarce
-O rosto brilha quando nasce um amor.

O amor é o cais a quem vive a procurar-se,
a lua o farol no apogeu do seu fulgor;
não se rompe, por mais que se esgarce,
é inconsútil qual o talo e a flor.

Está em todos, feito um contágio.
Quem tem, oferece sem revelar o preço,
pois maior que o seu valor é o apreço.

É imensamente forte, por ser frágil,
tem asas longas pra unir alguém distante
e vida eterna mesmo em vão instante!





            Sem amor

Quem não tem amor não sabe o que é
ganhar para si alguém de presente;
sentir da vida renovar a fé
contemplar estrelas, sorrir contente...

Quem não tem amor não sabe o que é
ter o arrepio frio de um beijo quente,
fazer-se um gigante, maior até,
ou um simples grão de areia, de repente...

Quem não tem amor não chora de saudade
erra pelas noites, sem rumo, a esmo,
buscando-se no vazio de si mesmo.

Quem não tem amor vive pela metade
uma parte em luz, a outra em breu,
uma tem vida, a outra já morreu...





       Soneto à Paz

Vamos falar de poesia, não de guerra,
criar nações de poetas, não guerreiros,
espalhar a paz pelos rincões da terra
nas cadeias do amor fazer prisioneiros.

Vamos falar de poesia, não de guerra,
explodir no ar poemas, não morteiros,
declamar o amor, dar o perdão a quem erra,
nos batalhões do bem ser os primeiros.

Vamos falar de poesia, não de ódio,
não ter amor no peito igual jóia num cofre
e se tiver, ter por chave essa estrofe.

Vamos ler o poema quando o amor explode-o
em mil fragmentos no céu do universo
rimando guerra e paz no mesmo verso!





         Espera

No amor não perde tempo quem espera
pois a vida desconta esse instante.
Quem é fugaz não sabe que adiante
sem um minuto não nasce uma era.

Quem se vai, perdido num olhar distante,
não vê no céu o brilho da esfera:
bate asas no fulgor da primavera
de flor em flor, qual um pássaro errante.

Quem foge reescreve seu destino
vive em parábolas de espinho
buscando as mãos tênues do carinho.

Esperar alguém é um dom divino!
Quem não tem ninguém tem a vida apagada
qual a chuva na poeira da calçada...





       Sensações

Entendo que amar é coisa abstrata
está na mente feito pó no ar;
mas, é matéria viva quando ata
duas almas sob as cruzes do altar.

Amar é bom. O corpo sua, a íris se dilata
o desejo queima que nem raio solar;
nasce no peito sem medida exata
e corre no sangue qual ondas no mar...

Amar sãos ossos, músculos em contração,
dois corpos em perfeita simetria
bailando uma estranha melodia...

Nenhum poder atrai quanto essa atração!
Vivemos, quando o amor nos invade
a doce loucura da felicidade!

     Inácio Dantas
     Do livro ® “Sonetos para Sempre” 

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Um comentário:

  1. Nossa muito bom, sensação de liberdade.
    Admiro E muito a sua forma de colocar a vida, o amor, as pessoas, o mundo. Parabéns estou sempre viajando em seus sonetos.
    Bruna Morais

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