sábado, 19 de fevereiro de 2011

Poema altoastral. Sonetos para renovar o sol dos ideais


       Sol dos Ideais

Não fuja se a luta for inglória
lute, mesmo na chance mais remota.
Não beba o rum amargo da derrota
sem tentar o néctar doce da vitória.

Se o chão ruir, refaça a sua rota,
quem não vive não constrói uma história.
Sorria sempre, a tristeza ignore-a,
alegria é um bem que não se esgota!

Não fuja, não se vence sem lutar,
nem viva num mundo de fantasia
colhendo estrelas à luz do dia.

Pense grande, o querer move o mar.
E se da vida quiser algo mais
busque o sol dos seus próprios ideais!




                Prêmio

Cante, solte a voz do seu pulmão,
o palco da vida é uma grande festa;
cante e veja fluir a transformação:
o amor no peito de quem lhe detesta.

Cante, solte o deus da fascinação,
baile com o tempo que ainda lhe resta;
se a letra não lhe der inspiração
pede ao amor que ele lhe empresta.

Cante o olhar na véspera do beijo,
chamas de amor nu’a  pira transbordante
fios da noite atando o bom do instante...

Cante a canção, não desfaça o desejo,
e se ouvir o vazio do seu eu, convence-o,
pois a música é o prêmio do silêncio!




             Folhas

Não verás o mundo com esse olhar pequeno
embora aí exista um lugar imenso.
Guarda o teu pranto nas dobras do lenço,
lágrimas tristes são gotas de veneno.

Troca o grito por um riso intenso
e os anseios por um voo pleno;
vê o sol fundir em névoa o sereno
e sente o olor de mirra e incenso

ao gotejar das seivas ao relento.
Assim, se a dor vier ferir-te, fere-a
com o teu amor, qual fosse vil matéria.

Eleva teu olhar no azul do firmamento,
e se lá do céu cair nuvens de folhas
elas serão os dias da tua vida: colha-as!





                   Detalhe

Quem ama não esconde o sentimento
é igual prender a luz entre os dedos.
Quem ama diz, não sabe guardar segredos
nem cabe em si de contentamento.

Quem ama ri, põe a alma em folguedos,
canta, pula, eterniza o momento.
Quem ama voa, asas aos céus contra o vento
se agiganta, feito sombra nos penedos.

Ninguém é dono do amor. Quem ama dá-se
sem medo de exaurir o próprio ser
pois se um amor se vai outro renasce.

Quem ama tem do amor o ninguém dá-lhe:
ternura, um corpo ao anoitecer,
paixão... o mais é apenas um detalhe...

    Inácio Dantas

Nenhum comentário:

Postar um comentário