terça-feira, 3 de julho de 2012

Coração suave... Sonetos.



         Cicatriz

     Quem já perdeu um amor
conhece a real extensão da palavra dor.

Teu amor do meu ser vou arrancá-lo
lá do fundo do meu peito infeliz.
Insepulto, folhas mortas no talo,
flores mortas, pois é morta a raiz.

Atiro-o longe, no fundo desse valo,
(o sentimento) e cubro-o com a cicatriz.
E não ouse esse amor ressuscitá-lo
dei-lhe muito pelo pouco que me quis.

É a paixão a sensação da vida,
se tiver preço é tão grande o valor
que só se paga co´a moeda do amor.

Fecho-me em mim, abro a velha ferida
e vem a saudade buscar, a todo momento,
tua lembrança no meu esquecimento...




       Relógio do tempo

     O tempo é um relógio sem ponteiros
que conduz a vida rumo ao infinito...

Jamais o tempo que passa e não para
e põe num vazio o instante perdido
há de negar-nos por termos vivido.
o ódio, o amor, as rugas na cara.

Nascer, morrer, tudo faz sentido
a dança da vida é beleza rara
à lei do cosmos nada se compara
tudo é feito do mesmo tecido.

A vida não é um sonho que desfaz-se
nem um corpo pálido, sem glória,
dentro de um espírito sem face;

viver é breve tempo, o compasso
das horas, relógio sem memória,
um brilho girando no espaço!




        Dimensão do prazer

     Os pensamentos dão ao corpo
o que o desejo sonha e não tem...

Os meus pensamentos em ti paro-os
como se parar e meu pensar pudesse.
E de tanto pensar nos teus olhos claros
inconsciente te chamo numa prece.

Se o meu lembrar de ti se esquece
é esquecer-me dos valores mais caros.
Dentro de mim perdido em finesse
faço-me em dois e a nada comparo-os...

Me ponho um riso ao em ti pensar
um pranto triste, por breve momento,
se não me sorris no meu pensamento.

E esquecido de mim de tanto te amar
lembro o fruto do amor aberto em gomos
doidos por prazer que nós dois somos...






         Riqueza

     Não devemos deixar
que a riqueza material
suborne os valores
dentro de nós.

Riqueza, poder, nobre família
e uma vida de medos e dilemas.
É como ter o mundo todo numa ilha
e a liberdade presa por algemas.

Buscas o amor, a grande maravilha,
perdido numa teia de esquemas.
Por fora és o ouro quando brilha
mas por dentro um rio de problemas.

Livra-te de ti, faça-te o favor,
saibas que o amor é imaterial
e que o sentimento não vale o metal.

Julgam-te pelas vestes o teu valor
e segues sozinho, noites escuras,
perdido nas tuas próprias amarguras... 

      Inácio Dantas
      do livro "Sombras e Luzes"

   

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