Cicatriz
Quem
já perdeu um amor
conhece a real extensão da palavra dor.
Teu amor do meu ser vou
arrancá-lo
lá do fundo do meu peito
infeliz.
Insepulto, folhas mortas no
talo,
flores mortas, pois é morta a
raiz.
Atiro-o longe, no fundo desse
valo,
(o sentimento) e cubro-o com
a cicatriz.
E não ouse esse amor
ressuscitá-lo
dei-lhe muito pelo pouco que
me quis.
É a paixão a sensação da vida,
se tiver preço é tão grande o
valor
que só se paga co´a moeda do
amor.
Fecho-me em mim, abro a velha
ferida
e vem a saudade buscar, a
todo momento,
tua lembrança no meu
esquecimento...
Relógio do tempo
O tempo é um relógio sem ponteiros
que conduz a vida rumo ao infinito...
Jamais o tempo que passa e
não para
e põe num vazio o instante
perdido
há de negar-nos por termos
vivido.
o ódio, o amor, as rugas na
cara.
Nascer, morrer, tudo faz
sentido
a dança da vida é beleza rara
à lei do cosmos nada se
compara
tudo é feito do mesmo tecido.
A vida não é um sonho que
desfaz-se
nem um corpo pálido, sem
glória,
dentro de um espírito sem
face;
viver é breve tempo, o
compasso
das horas, relógio sem
memória,
um brilho girando no espaço!
Dimensão do prazer
Os pensamentos
dão ao corpo
o que o desejo sonha e não tem...
Os meus pensamentos em ti paro-os
como se parar e meu pensar
pudesse.
E de tanto pensar nos teus
olhos claros
inconsciente te chamo numa
prece.
Se o meu lembrar de ti se
esquece
é esquecer-me dos valores
mais caros.
Dentro de mim perdido em
finesse
faço-me em dois e a nada
comparo-os...
Me ponho um riso ao em ti
pensar
um pranto triste, por breve
momento,
se não me sorris no meu
pensamento.
E esquecido de mim de tanto
te amar
lembro o fruto do amor aberto
em gomos
doidos por prazer que nós
dois somos...
Riqueza
Não devemos deixar
que a riqueza material
suborne os valores
dentro de nós.
Riqueza, poder, nobre família
e uma vida de medos e
dilemas.
É como ter o mundo todo numa
ilha
e a liberdade presa por
algemas.
Buscas o amor, a grande
maravilha,
perdido numa teia de
esquemas.
Por fora és o ouro quando
brilha
mas por dentro um rio de
problemas.
Livra-te de ti, faça-te o
favor,
saibas que o amor é imaterial
e que o sentimento não vale o
metal.
Julgam-te pelas vestes o teu
valor
e segues sozinho, noites
escuras,
perdido nas tuas próprias
amarguras...
Inácio Dantas
do livro "Sombras e Luzes"
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