Soneto das ilusões
Antes o
pranto de um amor ausente
do que não ter por quem chorar!
Onde estás? Horas mortas,
frias,
tua imagem procuro no meu
peito.
Um poeta não tem noites, não
tem dias,
sonha nos céus, nas nuvens
faz o leito.
Onde estás? Longe? Que tens
feito?
Em que corpo estão tuas mãos
macias?
Fiz-me poeta! Sei, não sou
perfeito,
vivo cheio de ilusões
vazias...
Volta! Não há ninguém no teu
espaço.
Diz um nome feio que é mais
bonito
o silêncio fere mais que um
grito.
Sou poeta, embaixo vai um
traço!
E para que voltes, em branco
e preto,
te grito o meu amor neste
soneto!
Grafite
Há sempre
o nome de alguém
gravado nas
paredes do coração...
Vou pichar teu rosto na cidade
tingir de azul o indefectível
breu
dizer-te coisas que a
mocidade
sabe que é amor, mas jamais
viveu.
Vou revelar-te que na verdade
meu amor no tempo nunca se
perdeu
e para gravá-lo na eternidade
picho o teu nome ao lado do
meu.
Paredes brancas, ruas negras,
baldias,
entre as cores do spray,
passo dias
moldando tua imagem, luz no
apogeu.
As tintas do arco-íris, hei
de tê-las,
e em letras garrafais, nas
estrelas,
direi ao mundo quem mais te
amou: Eu!
Dois em um
Uma
haste pode conter duas flores.
E, às vezes, uma tem mais nutrimento
que a outra...
Se tens a um só tempo duas
luzes
no escuro tens a visão
estranha
de dividir-se em duas cruzes:
uma parte é chão, a outra
montanha.
São duas estrelas presas no
véu
azul da imensidão em noites
frias.
A lua entre os dedos,
descendo o céu,
polindo teus passos por onde
ias.
Que faz o amor, quais os
fatores,
segredo vivo nas fendas do
olhar
elementos dois a desafiar céu
e mar?
Uma haste que nutre duas
flores
uma vida tem, a outra em
suspense,
-Vê, o corpo é teu mas não te
pertence!
Inácio Dantas
Outros blogs do autor (bom relacto. a dois):
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