quarta-feira, 27 de junho de 2012

Dois sonetos de amor e paixão



          Pedaços

     Quando amamos
eternizamos no coração
um pedaço da imagem de outro alguém...

Em ti eu encontro minha parte
pedaço de mim desconhecido
esse eu que vive em ti tem arte
não é o mesmo eu que tenho sido.

O ser que fez em ti seu estandarte
sou eu, no meu corpo esquecido
vive em ti na ilusão de amar-te
outro eu dentro de mim saído...

Agora só em ti é que eu me vejo.
Sou uma sombra feita num desenho
dando-me um mundo que não tenho.

És tudo, nada, apenas um desejo.
Vou-me nessa paixão, e comigo levo-a,
e o meu sonho se desfaz em névoa...



          Cicatriz

     Quem já perdeu um amor
conhece a real extensão da palavra dor.

Teu amor do meu ser vou arrancá-lo
lá do fundo do meu peito infeliz.
Insepulto, folhas mortas no talo,
flores mortas, pois é morta a raiz.

Atiro-o longe, no fundo desse valo,
(o sentimento) e cubro-o com a cicatriz.
E não ousem esse amor ressuscitá-lo
dei-lhe muito pelo pouco que me quis.

É a paixão a grande sensação da vida
e se tiver preço, é tão grande o valor,
que só se paga com a moeda do amor.

Fecho-me em mim, abro a velha ferida,
e vem a saudade buscar, a todo momento,
tua lembrança no meu esquecimento...

     Inácio Dantas


     

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