sexta-feira, 28 de outubro de 2011

Sonetos para eternizar uma história de amor!




             Suely
         (Despedida)

Não diga nada se eu me for agora
lembre-se que o silêncio é uma prece
e que o adeus, n’alma de quem vai embora
é cicatriz que não desaparece.

Não diga nada quando for a hora
veja o meu pranto, mostre sua finesse.
Certezas ficam nos olhos de quem chora
quem uma vez amou, morre mas não esquece.

Não diga nada, não é o momento,
só o som da despedida, seja breve,
você grita e não fala quando deve...

Guarde o que restou do seu sentimento.
Quem sabe um dia, o amor, eu não juro,
nossos rastros se cruzem no futuro?!





         Phedra
      ( Imagem)

Vou guardar na memória teu sorriso
pra vir comigo por onde eu for
quero lembrá-lo quando indeciso
entre a solidão e o teu amor.

Não quero perder quem eu mais preciso
e ter que maldizer a minha dor:
Quem perde quem ama perde o juízo
e ao perder é que se dá valor.

 “Quero sorrir quando lembrar-me dela.
Mesmo eu sem ela, ela de mim ausente,
tê-la na idéia como se aqui presente.

Sigo, sua imagem nunca foi tão bela,
e se imagino-a, por qualquer razão,
sinto-a beijar-me na imaginação...“





        Olívia 
     (Gomorra)

Daqui de dentro contemplo lá fora
o bramir da chuva que se estilhaça
no painel da rua, na frágil vidraça,
depois em tênue garoa vai embora...

E vem o vento, uivando se adelgaça,
e das copas as folhas desincorpora;
fiapos de bruma se elevam e agora
rodopiam num novelo de fumaça...

Estou só, nesse frio apartamento.
Sem amor, cada minuto é um tormento
e tua imagem vou esculpindo no ar...

Quero o teu corpo  – Inferno e altar! –,
em nosso leito fazer uma Gomorra
e de amor... te matar antes que eu morra !





           Nilza
  (Quatorze versos)

Sonhando teu amor fiz este soneto
pra ser inteiro falta a outra parte:
Viver meio amor é viver sem arte,
é viver num mundo em branco e preto.

Sonhei pra mim esse amor que quero dar-te
e unirmos nossas vidas num dueto.
Sonhei teu amor no peito, meu amuleto,
quem é feliz tem no amor seu estandarte.

Sonhando fiz-me poeta, com destaque.
Vi minha poesia em lábios risonhos,
meus sonhos embalando outros sonhos.

Lembrei Vinícius, Cruz e Souza, Bilac...
-Até agora outro poeta não nasceu
 pra fazer belos poemas que nem eu!

      Inácio Dantas
      Do livro © “Janela para o Mar

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sábado, 8 de outubro de 2011

Sonetos para amores impossíveis...




          Cupido

Deixe que os laços do amor nos una
e nos prenda assim, mera obra do acaso.
Quem é só perde o viço, vive no ocaso:
Ganhar um amor é ganhar uma fortuna.

Deixe estar, só a morte não dá prazo,
talvez ao seu meu destino se reúna
e decida, que duas vidas sejam una
e atem em laços firmes nosso caso,

pois quando o amor é uno não desfaz-se
tem luz intensa, qual o sol num diamante,
e flue nas veias qual um raio flamejante.

Vem! Que o amor em  laços nos enlace,
eis que, por dentro, no peito ferido
guardo a flecha mágica do cupido...





           Defeitos

Nada me resta se tudo lhe dava,
as cores da vida, meu amor, carinho.
Saiba que meu amor não lhe fez escrava,
amor não foi feito pra fazer sozinho.

Vê a flor, pétalas num cálix d´espinho
em harmonia seu perfume exala.
Vê o mar, fúria louca num turvelinho,
e a rocha vivaz sob a onda brava...

Me diz algo seu que já não foi meu?
Não s´esqueça, por motivo algum,
que na vida a dois nós já fomos um!

Assim, está vazio quem tudo lhe deu.
Pode ir, lhe chama o mundo dos eleitos,
tudo em ti é meu, até os meus defeitos...





           Perdão

Qual de nós vai renunciar ao amor,
e cair em pranto, e embargar a voz,
e morder os lábios para sentir dor
e dizer “Adeus? Me diz, qual de nós...?

Qual de nós o beijo já não tem sabor
e atira a pecha no tempo algoz?
Se os laços já não atam com vigor
dizei qual de nós vai quebrar os nós...?

Qual de nós vai ironizar, fechar a cara,
e virar os olhos em direções opostas
e partir sem rumo ao virar as costas?

Ou, qual de nós, numa atitude rara,
vai erguer-se  (Serei eu, sereis vós?)
e dizer “Perdão”. Qual de nós, qual de nós...?!





          Cavalgada...

Tem um pouco de mim no teu prazer
que te põe no céu quando te invade
e a ti me dou, com tal intensidade,
que o que me sobra é  só o viver...

Se sou louco, canto a glória de o ser
pois o vírus do amor dá insanidade.
Sou eu, milhões, toda a humanidade
plantando a semente que nos fez nascer.

Faço novas velhas formas de amar
e enquanto cai a fleuma da vaidade
vou domando a fera da tua vontade:

Laço-me em ti, num ato singular,
e cavalgo, qual um peão de rodeio,
amando o teu corpo como jamais amei-o...





  Soneto para Rosinha
             (Sonho)

Num sonho lindo eu tive Rosinha
lembro-me da noite, doce momento.
Como esquecer que ela foi minha
se ela não sai do meu pensamento?!

Eu vagava sem luz, alma sozinha,
qual astro perdido no firmamento;
era um barco sem mar, rei sem rainha,
a sonhar alguém que me desse alento.

E ela surgiu, sem roupa qualquer,
clareou o meu sonho, pouco a pouco,
rosto de anjo, corpo de mulher...

Ao vê-la sorrir eu gritei: “Rosinha!”.
Ela me abraçou, e num gesto louco,
guardou sua boca dentro da minha...

© Homenagem a Rosinha Monkees 

     Inácio Dantas
     Do livro © “Sonetos para Sempre

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