sábado, 8 de outubro de 2011

Sonetos para amores impossíveis...




          Cupido

Deixe que os laços do amor nos una
e nos prenda assim, mera obra do acaso.
Quem é só perde o viço, vive no ocaso:
Ganhar um amor é ganhar uma fortuna.

Deixe estar, só a morte não dá prazo,
talvez ao seu meu destino se reúna
e decida, que duas vidas sejam una
e atem em laços firmes nosso caso,

pois quando o amor é uno não desfaz-se
tem luz intensa, qual o sol num diamante,
e flue nas veias qual um raio flamejante.

Vem! Que o amor em  laços nos enlace,
eis que, por dentro, no peito ferido
guardo a flecha mágica do cupido...





           Defeitos

Nada me resta se tudo lhe dava,
as cores da vida, meu amor, carinho.
Saiba que meu amor não lhe fez escrava,
amor não foi feito pra fazer sozinho.

Vê a flor, pétalas num cálix d´espinho
em harmonia seu perfume exala.
Vê o mar, fúria louca num turvelinho,
e a rocha vivaz sob a onda brava...

Me diz algo seu que já não foi meu?
Não s´esqueça, por motivo algum,
que na vida a dois nós já fomos um!

Assim, está vazio quem tudo lhe deu.
Pode ir, lhe chama o mundo dos eleitos,
tudo em ti é meu, até os meus defeitos...





           Perdão

Qual de nós vai renunciar ao amor,
e cair em pranto, e embargar a voz,
e morder os lábios para sentir dor
e dizer “Adeus? Me diz, qual de nós...?

Qual de nós o beijo já não tem sabor
e atira a pecha no tempo algoz?
Se os laços já não atam com vigor
dizei qual de nós vai quebrar os nós...?

Qual de nós vai ironizar, fechar a cara,
e virar os olhos em direções opostas
e partir sem rumo ao virar as costas?

Ou, qual de nós, numa atitude rara,
vai erguer-se  (Serei eu, sereis vós?)
e dizer “Perdão”. Qual de nós, qual de nós...?!





          Cavalgada...

Tem um pouco de mim no teu prazer
que te põe no céu quando te invade
e a ti me dou, com tal intensidade,
que o que me sobra é  só o viver...

Se sou louco, canto a glória de o ser
pois o vírus do amor dá insanidade.
Sou eu, milhões, toda a humanidade
plantando a semente que nos fez nascer.

Faço novas velhas formas de amar
e enquanto cai a fleuma da vaidade
vou domando a fera da tua vontade:

Laço-me em ti, num ato singular,
e cavalgo, qual um peão de rodeio,
amando o teu corpo como jamais amei-o...





  Soneto para Rosinha
             (Sonho)

Num sonho lindo eu tive Rosinha
lembro-me da noite, doce momento.
Como esquecer que ela foi minha
se ela não sai do meu pensamento?!

Eu vagava sem luz, alma sozinha,
qual astro perdido no firmamento;
era um barco sem mar, rei sem rainha,
a sonhar alguém que me desse alento.

E ela surgiu, sem roupa qualquer,
clareou o meu sonho, pouco a pouco,
rosto de anjo, corpo de mulher...

Ao vê-la sorrir eu gritei: “Rosinha!”.
Ela me abraçou, e num gesto louco,
guardou sua boca dentro da minha...

© Homenagem a Rosinha Monkees 

     Inácio Dantas
     Do livro © “Sonetos para Sempre

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    Temas relacionados (Duas reflexões para dias felizes)


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