domingo, 8 de maio de 2011

Cinco sonetos para renascer novas paixões...



           Wilma

    (Poema inacabado)

Seu amor deu vida ao meu poema
escrevo-o sob a névoa da sua presença.
Agora somos dois -uma paixão intensa -
estamos presos numa só algema.

Que rima rara, beleza extrema,
os versos de nós dois é emoção imensa.
Meu poema brilha na penumbra densa
pois desceu dos astros por mãos Suprema.

No calor desse amor que por mim lavras
vou dando vida ao som das palavras
que ficam perfiladas lado a lado.

Mas, ao exaurir a tinta da caneta,
deixo-o caído no fundo da gaveta,
fica como o nosso amor... inacabado...





            Wanessa
           (Renascer)

Vamos amar o amor que ainda nos resta
até queimar a última centelha;
vamos deitar na cama, armar a festa
e fazer de tudo que nos der na telha...

Vamos amar até correr suor da testa
e dar beijos do pé à ponta da orelha;
fazer o corpo bailar numa seresta
até  a coisa em fogo de tão vermelha...

Vamos gastar esse resto de desejo
extinguir a chama que não se desfez,
-lenha na brasa acende outra vez!

Deixemos o frio adeus no calor dum beijo:
Tão certo quanto tem vida no ovo
amanhã esse amor vai florescer de novo!






            Vicky
         (Ex-amor)

O tempo se vai... já esqueci o seu rosto
e só lembro sua voz se lhe telefono.
Vi-a na rua, pra aumentar meu desgosto,
passou tristonha igual um cão sem dono.

Me lembrei dos abraços no frio de agosto
a lua no espaço, uma rainha no trono;
na boca um beijo pra sentir o gosto
nós dois e a noite no maior abandono.

O tempo é a escada pro infinito
mas, o último degrau ninguém quer,
pois, lá, o mundo é uma caixa de granito.

Olhei em sua face, os lábios em prece,
e disse a mim mesmo pr’aquela mulher:
-“Se me olhar mil vezes não me reconhece !”







             Úrsula
          (Outra vez)

Digam os lábios o que o olhar promete
olhos de anjo, demos da sedução;
neles vejo paz, chuva de confete,
festa de abraços, amor, fascinação...

Digam os beijos, santa intenção,
ouvir segredo não nos compromete.
Dois corpos, sol e terra em translação,
num bailar estranho de marionete...

Digam os movimentos dos quadris
em cavalgada febril, alucinante,
dando golpes de amor a cada instante.

E, membros exaustos, cansaço feliz
vejo, na magia do amor que se fez,
o desejo aceso no olhar outra vez...






              Tereza
          (Juramento)

Jurei aos céus nunca mais amar Tereza
trocar a vida louca por uma tranquila
apagar seu nome, sua voz, sua beleza
sua foto da estante destruí-la.

Jurei não amar igual Sansão amou Dalila
e quebrar o elo que me prende a Tereza.
Mas, o amor verte mel quando destila,
jurei, se vou cumprir não é certeza.

Céus, dá-me força senão eu fraquejo!
Vou renascer, achar um novo alguém,
que o melhor amor é aquele que se tem.

Céus, seca minha fonte do desejo
pois se eu cair em deslumbramento
ao vê-la nua quebro o meu juramento!

    Inácio Dantas
    do livro (c) Janela para o Mar

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