Divisão
Vivemos numa luta constante
contra o ”eu” que há dentro de nós...
Quem
é este eu que tá em mim agora
em
quem me fiz por estar desatento?
Pra
ser quem sou não se faz na hora
se
precisam anos de ensinamento...
Quem
é esse em mim se sou eu por fora
ou
seremos um no mesmo momento?
Se
não é ele, eu, por que me ignora
e
quer pensar por mim no meu pensamento?
Afinal,
qual dos dois é ele, qual sou eu?
Não
por mim, mas por ele com tal zelo
pois
se eu sou ele como hei sabê-lo?!
Nutro,
assim, a dúvida que me nasceu:
-Deus,
como dividir dentro da gente
nosso
ser real e o subconsciente...?
Labirinto
O
amor que planto no teu peito
frutifica no meu coração.
Sempre
terás o amor qu´eu tiver
mesmo
de mim o teu querer distante.
Meu
amor é ouro, luz flamejante,
que
o mundo é nada ante o seu valor.
Terás
de mim paixão transbordante
pois
ardendo n'alma tem fogo e calor.
E
nos lábios teus, dos meus o sabor,
pra
de mim lembrares a todo instante.
Terás
de mim o manto do aconchego
de
Merlin águas do rejuvenescer
e
a guardar-te o broquel de um deus grego.
Se
pouco for, sentirás o que eu sinto
no
teu corpo, uma viagem ao prazer,
qual
perdido dentro dum labirinto...
É o nascer do sol
a síntese do esplendor!
Uma
luz viaja sob o céu escuro
fogo
vivo no breu da imensidão
refletem
seus raios ouro mais puro
cetro
e coroa, um rei no panteão.
Eis
o sol! Toque suave no chão duro,
d'
abóboda celeste o guardião,
dos
anais do passado traz o futuro:
Dos
homens é a terra - o mar de Tritão!
Detrás
do horizonte, num breve exílio,
a
mãe natureza o embala no colo
e surge
festivo nas mãos de Apolo.
Aos
poucos a treva veste seu brilho,
saem
das serras gigantes de sombra
e se
evolam num mar de alfombra...
Old
Passion
O castelo
do amor
tem portas para a lua do desejo
e janelas para o sol da paixão...
É
velha a paixão, mas inda carrego-a
e
revivo-a no esplendor da sua glória.
Hoje
guardo-a em mim, dou uma trégua,
coração
vai em nova trajetória...
Reinvento
alguém a lápis e régua
flor
singela, beleza incorpórea,
ponho
lentes do amor, não enxergo-a,
paixão
sem luz é chama ilusória...
Leva-a
o mar da paixão, em branca vaga,
ó
paixão, se o fulgor levado foi-te
sempre
um novo dia sobrepõe a noite!
É
velha a paixão, sol que não se apaga,
cá
dentro do peito vulcão dormente
a
explodir em lavas, de repente...
Inácio Dantas
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