Troféu
Mesmo uma estrela ao acender
seu brilho,
não tem a magnitude da luz de um filho.
Deixe-me prender o laço da sua
trança
que, solta, nas asas do vento se
vai.
Abra seus braços pro meu abraço,
criança,
sinta a doçura que lhe é seu pai.
Um fio de lágrima desprende e cai
brotando em meu peito a esperança
de amar-me, como ama-lhe este pai
e me levar pra sempre na sua
lembrança.
Sua pele clara, cabelos dourados,
rosto infante, olhos amendoados,
brilha no ar um sorriso augusto;
meu peito aperta, faz-me seu
broquel,
vejo o seu corpo despertar
robusto
e ergo nas mãos o mais raro
troféu!
Soneto ao meu pai (João Dias
Ferreira)
Ainda lembro abrir-me
os portais da vida com o teu punho firme.
Ei pai, quero tua voz a ditar-me
o certo
num tom firme quando em meus
deslizes.
Quero te olhar nos olhos, ouvir o
que dizes,
guardar as lições no meu peito
aberto.
Ei pai, todo bom caule tem boas
raízes
plantio sem amor dá um fruto
incerto.
Todo bom filho quer seu pai por
perto
só abraçam o mundo os que são
felizes.
Ei pai, tolere meus erros, não se
zangue,
as mãos que punem também dão
carinho,
no teu mapa do amor tem o meu
caminho.
Ei pai, corre nas minhas veias o
teu sangue.
Fiz-me do que és desde a
concepção
dois corpos unidos num só coração!
Soneto aos Pais
(Amizade eterna!)
Os
laços da amizade pai e filho são tão
fortes
quanto o fio que sustém o mundo.
No meu peito tem um lar, doce
abrigo,
onde hospedo nobres sentimentos
onde não mais é só quem está
comigo
onde não há pranto nem tristes
lamentos.
Aqui o tempo é a vida em
fragmentos
a explosão dos átomos não tem
perigo
se falo bem, espalho a quatro
ventos
e no peito te hasteio o nome,
amigo!
Eis o meu lar: Colunas do bem
querer,
porta sem trinco pra sinceridade
onde o sol reluz ao alvorecer.
Fechado, nessa nave que dirijo,
para todo o sempre levo a amizade
até o meu inexpugnável
esconderijo!
Inácio Dantas
Do livro (“Janela par ao Mar”)
Temas relacionados (Sonetos às mães):