quarta-feira, 4 de abril de 2012

Alguns sonetos e muito mais...



          Incertezas...

     No amor, vê mais o cego
que a incerteza da visão...

Pra que fazer da ira seu escudo
e por arma meu amor no coração?
Embora forte, eu bem sei, contudo,
que por Dalila é que morreu Sansão!

Pra que n´olhar ver defeito em tudo
e ter por mim tão rude opinião?
Faz o ódio esvair num grito mudo
dê amor como ensinou Platão!

Como perdê-la se nem mesmo tive-a?
Basta sorrir pra mim já lhe sou grato
de tanto amar, amo até o seu retrato!

Ah... Quero na boca sua pele nívea
e entre meus braços, qual uma figa,
provar seu corpo pra ver se dá liga...





        Viagem

     Deixei que o meu corpo seu corpo invadisse-o
e vi-o explodir, qual fogos de artifício...

Do que por fora és maior por dentro
só mesmo eu caibo dentro de ti,
finco minha bandeira, bem no centro,
e fico sentindo o que jamais senti...

Me vêm demônios quando me concentro
e me levam aos céus que eu nunca vi,
o sol sai do eixo quando em ti adentro
chuva de raios cai num frenesi...

Pairo no ar, corpo sem densidade,
teu colo me leva, ao meu comando,
e seu movimento fico contemplando...

Quantos beijos! Nem lembro a quantidade!
Seguimos, até quando o dia além nascer
nessa viagem o destino é o prazer...




          Soneto Ideal

     Na comunhão do verbo,
o poder da palavra em ação.

Arranco das mãos uma poesia seleta
o que os olhos veem a mente idealiza
não deserdo nem me desvio da meta
a poesia é pra quem dela precisa.

O que vai no papel de mim se projeta
são pétlas de flor bailando na brisa
duas almas têm quem é um poeta
se uma morre a outra se eterniza.

Tem caule e raiz a poesia que faço
copa de nuvens aberta em dois pálios,
frutos da vida pendendo nos galhos:

um, ao céu em flux, é sombra no espaço
o outro, nau a conduzir os meus dilemas,
e morro assim, numa overdose de poemas...

Inácio Dantas




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