Rumo ao sol
O
infinito e a eternidade
podem se encontrar
nas esquinas da existência...
Dia, não me deixe, noite, não
me leve
na sua asa de treva, fria,
sem matéria.
Tive o manto real, o véu da miséria
e a eternidade nesta vida
breve.
Ó noite que se esvai na luz
sidérea
um dia dos meus dias não me
deve.
Dê-me a cruz negra, sudário
de neve,
um beijo sem cor da boca
cinérea.
Leva-me nas águas turvas do
seu mar,
sob as ondas das nuvens, meu
conforto,
terra, terra, cais da vida, o
meu porto.
Do meu céu vai a estrela se
apagar!
-Ó noite imensa, do meu viver
o dia, leva
e outra luz há de surgir na minha treva!
Na sinceridade
do sorriso,
a verdade escondida na mentira...
O sorriso desmente o que me
dizeis
palavras sem cor se apagam no
ar;
E para que a verdade nos una
em três
rezo em vosso corpo o verbo
amar.
Só o amor paga o bem que me
fazeis
sois a canção que me ponho a
cantar.
Vosso amor não me cabe de uma
vez
bebo-o em gotas, é maior que
o mar!
Sois como quis que fosse meu
alguém:
Sou pleno de emoção, voz,
carne, nervos
bêbado de ilusão que posso
ter-vos.
O amor tem o poder, e só o
amor é que tem,
para que juntos no mundo
sigamos
sob a lona do céu feito dois
ciganos.
Inácio
Dantas
Do
livro “Sonetos para Sempre” – www.amazon.com.br
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