Incertezas...
No
amor, vê mais o cego
que a incerteza da visão...
Pra
que fazer da ira seu escudo
e
por arma meu amor no coração?
Embora
forte, eu bem sei, contudo,
que
por Dalila é que morreu Sansão!
Pra
que n´olhar ver defeito em tudo
e ter
por mim tão rude opinião?
Faz
o ódio esvair num grito mudo
dê
amor como ensinou Platão!
Como
perdê-la se nem mesmo tive-a?
Basta
sorrir pra mim já lhe sou grato
de
tanto amar, amo até o seu retrato!
Ah...
Quero na boca sua pele nívea
e entre
meus braços, qual uma figa,
provar
seu corpo pra ver se dá liga...
Viagem
Deixei
que o meu corpo seu corpo invadisse-o
e vi-o explodir, qual fogos de
artifício...
Do
que por fora és maior por dentro
só
mesmo eu caibo dentro de ti,
finco
minha bandeira, bem no centro,
e
fico sentindo o que jamais senti...
Me
vêm demônios quando me concentro
e
me levam aos céus que eu nunca vi,
o
sol sai do eixo quando em ti adentro
chuva
de raios cai num frenesi...
Pairo
no ar, corpo sem densidade,
teu
colo me leva, ao meu comando,
e
seu movimento fico contemplando...
Quantos
beijos! Nem lembro a quantidade!
Seguimos,
até quando o dia além nascer
nessa
viagem o destino é o prazer...
Soneto Ideal
Na
comunhão do verbo,
o poder da palavra em ação.
Arranco
das mãos uma poesia seleta
o
que os olhos veem a mente idealiza
não
deserdo nem me desvio da meta
a
poesia é pra quem dela precisa.
O
que vai no papel de mim se projeta
são
pétlas de flor bailando na brisa
duas
almas têm quem é um poeta
se
uma morre a outra se eterniza.
Tem
caule e raiz a poesia que faço
copa
de nuvens aberta em dois pálios,
frutos
da vida pendendo nos galhos:
um,
ao céu em flux, é sombra no espaço
o
outro, nau a conduzir os meus dilemas,
e
morro assim, numa overdose de poemas...
Inácio Dantas