quarta-feira, 18 de julho de 2012

Poema indagações



     Poema "indagações"


     Sou poema, multicor, alma leve aos céus feito ar num balão;
     sol no empíreo, vento nos prados, ondas, espumas, verdade, ficção...


     Sou amor em fluído, sentimento em gotas, táctil, volátil ao contato da mão...


     Sou prosa, riso, alegria, um grito de sim na boca do não


     Sou paixão, ternura, amigo, irmão


     Quem sou eu, quem me há de dizer?


     -Sou o coração dentro de um ser


       ou um ser dentro dum coração?


      Inácio Dantas
      
      Outros sonetos em:
http://sonet0s.blogspot.com.br/2012/02/tres-sonetos-numa-segunda-feira-de.html 

sexta-feira, 13 de julho de 2012

Sonetos das ilusões de amor



        Soneto das ilusões

     Antes o pranto de um amor ausente
do que não ter por quem chorar!

Onde estás? Horas mortas, frias,
tua imagem procuro no meu peito.
Um poeta não tem noites, não tem dias,
sonha nos céus, nas nuvens faz o leito.

Onde estás? Longe? Que tens feito?
Em que corpo estão tuas mãos macias?
Fiz-me poeta! Sei, não sou perfeito,
vivo cheio de ilusões vazias...

Volta! Não há ninguém no teu espaço.
Diz um nome feio que é mais bonito
o silêncio fere mais que um grito.

Sou poeta, embaixo vai um traço!
E para que voltes, em branco e preto,
te grito o meu amor neste soneto!







         Grafite

      Há sempre o nome de alguém
 gravado nas paredes do coração...

Vou pichar teu rosto na cidade
tingir de azul o indefectível breu
dizer-te coisas que a mocidade
sabe que é amor, mas jamais viveu.

Vou revelar-te que na verdade
meu amor no tempo nunca se perdeu
e para gravá-lo na eternidade
picho o teu nome ao lado do meu.

Paredes brancas, ruas negras, baldias,
entre as cores do spray, passo dias
moldando tua imagem, luz no apogeu.

As tintas do arco-íris, hei de tê-las,
e em letras garrafais, nas estrelas,
direi ao mundo quem mais te amou: Eu!




  


         Dois em um

     Uma haste pode conter duas flores.
E, às vezes, uma tem mais nutrimento
que a outra...

Se tens a um só tempo duas luzes
no escuro tens a visão estranha
de dividir-se em duas cruzes:
uma parte é chão, a outra montanha.

São duas estrelas presas no véu
azul da imensidão em noites frias.
A lua entre os dedos, descendo o céu,
polindo teus passos por onde ias.

Que faz o amor, quais os fatores,
segredo vivo nas fendas do olhar
elementos dois a desafiar céu e mar?

Uma haste que nutre duas flores
uma vida tem, a outra em suspense,
-Vê, o corpo é teu mas não te pertence!

     Inácio Dantas

     Outros blogs do autor (bom relacto. a dois):


terça-feira, 3 de julho de 2012

Coração suave... Sonetos.



         Cicatriz

     Quem já perdeu um amor
conhece a real extensão da palavra dor.

Teu amor do meu ser vou arrancá-lo
lá do fundo do meu peito infeliz.
Insepulto, folhas mortas no talo,
flores mortas, pois é morta a raiz.

Atiro-o longe, no fundo desse valo,
(o sentimento) e cubro-o com a cicatriz.
E não ouse esse amor ressuscitá-lo
dei-lhe muito pelo pouco que me quis.

É a paixão a sensação da vida,
se tiver preço é tão grande o valor
que só se paga co´a moeda do amor.

Fecho-me em mim, abro a velha ferida
e vem a saudade buscar, a todo momento,
tua lembrança no meu esquecimento...




       Relógio do tempo

     O tempo é um relógio sem ponteiros
que conduz a vida rumo ao infinito...

Jamais o tempo que passa e não para
e põe num vazio o instante perdido
há de negar-nos por termos vivido.
o ódio, o amor, as rugas na cara.

Nascer, morrer, tudo faz sentido
a dança da vida é beleza rara
à lei do cosmos nada se compara
tudo é feito do mesmo tecido.

A vida não é um sonho que desfaz-se
nem um corpo pálido, sem glória,
dentro de um espírito sem face;

viver é breve tempo, o compasso
das horas, relógio sem memória,
um brilho girando no espaço!




        Dimensão do prazer

     Os pensamentos dão ao corpo
o que o desejo sonha e não tem...

Os meus pensamentos em ti paro-os
como se parar e meu pensar pudesse.
E de tanto pensar nos teus olhos claros
inconsciente te chamo numa prece.

Se o meu lembrar de ti se esquece
é esquecer-me dos valores mais caros.
Dentro de mim perdido em finesse
faço-me em dois e a nada comparo-os...

Me ponho um riso ao em ti pensar
um pranto triste, por breve momento,
se não me sorris no meu pensamento.

E esquecido de mim de tanto te amar
lembro o fruto do amor aberto em gomos
doidos por prazer que nós dois somos...






         Riqueza

     Não devemos deixar
que a riqueza material
suborne os valores
dentro de nós.

Riqueza, poder, nobre família
e uma vida de medos e dilemas.
É como ter o mundo todo numa ilha
e a liberdade presa por algemas.

Buscas o amor, a grande maravilha,
perdido numa teia de esquemas.
Por fora és o ouro quando brilha
mas por dentro um rio de problemas.

Livra-te de ti, faça-te o favor,
saibas que o amor é imaterial
e que o sentimento não vale o metal.

Julgam-te pelas vestes o teu valor
e segues sozinho, noites escuras,
perdido nas tuas próprias amarguras... 

      Inácio Dantas
      do livro "Sombras e Luzes"