sábado, 28 de maio de 2011

Sonetos para motivar suas vitórias pessoais.




         Jogo do querer

Não entregue os pontos sem jogar
dando a vitória ao seu adversário.
Pra ver brilhar a sorte arrisque no azar
pode ser certo o avesso do contrário...

Não fuja da derrota sem lutar
resignado igual Cristo no Calvário.
Nem viva no céu do ócio a lastimar
jóias perdidas num trono imaginário.

Não desista perto de rasgar a fita
quando a jornada principia o final
e ao pódio só  resta um degrau.

Lute sempre. Quem quer vencer não hesita.
Una vontade e força num só processo
pois o querer abre o caminho pro sucesso!




Lembrando Fernando Pessoa

Por favor ria ao ler este soneto
mas não gargalhe, ria com educação;
ele é uma bomba, fogo no graveto,
já vem queimando desde a concepção.

Leia em bom tom, comigo faça dueto,
emposte  a voz, afine a entonação;
é jóia rara a rima deste quarteto
só falta o brilho da declamação.

Leia com desvelo por questão de ética
e guarde-o na retina do seu olho calmo:
-Ler este poema é como ler um Salmo.

Me perdoe se a palavra quebrou a métrica.
Sou apenas - majestade sem coroa -,
um poeta querendo ser igual Pessoa.




       Limite

A luta é árdua, o caminho espinhoso,
aos grandes desafios grandes vitórias.
Mas, a humildade é o bem mais valioso
pois fama e pódio são coisas ilusórias.

Pé na estrada, o tempo é precioso,
o mar da existência são águas transitórias.
Busque o sucesso! Néctar poderoso.
Seja o herói das suas próprias histórias.

Erga-se. O trem da vida não espera.
Perder da vida um breve instante
é jogar num abismo fundo um diamante.

Tente. Ganha lauréis quem persevera.
Não desanime. Deixe o sonho vivo,
o céu é o limite do seu objetivo!




           Semente

Não espere que a chuva de janeiro
dê colheita a quem não plantou semente
e nem queira que árvores de dinheiro
deem frutos num galho reluzente.

Não queira ter nas mãos o mundo inteiro
se o pouco que tem é suficiente
nem se mate pra ser sempre o primeiro
quem tudo quer tudo perde de repente.

Não viva atrás de pompa e fantasia
nem veleje o barco em calmaria
-as ondas findam, o mar não se encerra.

E não se esqueça que a morte fatal
vai cobrir, assim como o bem cobre o mal,
toda riqueza sob uma pá de terra!




   Soneto para os Jovens

O tempo é um relógio em movimento
tudo que é velho teve mocidade.
Viva com intensidade o momento
e cada momento com intensidade.

A vida é fantasia e encantamento
em cada minuto uma eternidade.
Quem semeia o ódio colhe o sofrimento
-O amor é o fruto da felicidade!

Viva o instante na sua plenitude,
não se deixe levar por ondas calmas
que seguem sem rumo no vão das almas...

Beba gota a gota a sua juventude
como líquen da vida que nos é dado:
-Horas brancas ficam mortas no passado!




            Espinho

Ninguém no mundo quer viver sozinho
deitar e cobrir o corpo com a noite fria;
nem o mais indócil vive sem carinho
-a solidão é treva n’amplidão vazia.

Todos querem ter um amor, pão e vinho,
provar da paixão a rósea fantasia;
querem alguém, uma luz no seu caminho,
-a solidão é a mais triste companhia.

Cada um traz um sonho em sua mente:
Ela, dar ao homem todo amor que tiver
Ele, quer ter todo amor de uma mulher...

Ninguém vive o desamor eternamente!
Deitar, e contra o corpo estar sozinho,
é igual no coração ter um espinho.




           Poema de ouro
                                                        
Não quero que esse poema seja ácido
do tipo que se lê com sacrifício
feito sem métrica, desenho flácido,
sem tônica na quarta, cheio de vício.

Quero um poema tal, risonho, plácido,
que por fácil ser pareça difícil;
drenado dos versos o aminoácido
pra que não se leia o fim antes do início...

Quero o amor e o poema no mesmo pacto
que leve esperança a quem não tem
e seja a voz do coração de alguém.

Quero algo assim, que cause impacto,
c’um brilho de ouro, feito de cobre,
um poema plebeu com jeito de nobre.



        Procurando-se

Todo mundo quer saúde, amor e grana
e romper o tempo num fogoso corcel.
Fugir, viver amando numa cabana,
num campo em flor pertinho do céu...

Todo mundo quer uma vida cigana
andar por aí, uma tenda ao léu.
Trocar a lua por brasões de porcelana
e água da chuva por taças de mel...

Alguns buscam a trilha que Deus lhes deu:
O sol, o mar na sua infinita beleza,
formas e vidas que compõem a natureza.

Outros querem jóias, luxo, o apogeu,
num mundo de inveja e falsidade
prisioneiros da própria liberdade!

     Inácio Dantas
     Do livro de sonetos (“Janela para o Mar”)

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segunda-feira, 16 de maio de 2011

Sonetos para um mundo ideal




       Soneto Ideal

Sonhei um mundo feito de ternura
onde a paz luzia, qual o sol no apogeu.
Eu bebia a água da verdade pura
e comia os frutos que o amor me deu.

Sonhei um mundo feito de aventura,
eu era o mundo, o mundo era eu;
Vi o meu presente numa luz futura,
o meu passado dentro dum museu.

Vi a força do bem destruir o mal
gentes entranhas, num abraço irmão,
a vida nascendo do funéreo chão.

Mas vi a morte, como todo mortal,
e despertei, na mais louca ansiedade:
-Ver o mundo dos meus sonhos realidade!





              Fênix

Por que ris se me desata o pranto
e dizes que é coisa que eu invento.
Por que na face trazes um encanto
se também sofres c’o meu sofrimento?!

Tiro da tristeza o fel do meu canto,
finjo, ébrio de ciúmes, não ser ciumento.
E para te provar que te amo tanto
uso minhas lágrimas como argumento...

Teu amor por mim é Fênix, não morreu,
vive latente no imo do teu ser,
das cinzas pode ainda renascer.

Mentes que já tens um amor igual ao meu.
-Antes a morte minha vida levá-la
 a saber que outro comigo se iguala!





               Forget...

Me lembro ainda que nos braços tive-a,
o retângulo da cama, o quarto em ele,
a noite batendo lá fora, a lua nívea
banhando pelos vitrais a nossa pele...

Só não lembro seu nome... Telma, Lívia,
Carla, Ana Rosa, Lia... ou seria Adele?
Me mordia o beijo, gosto de lascívia,
fogo do amor que o desejo impele...

Lembro do calor quando ia abraçá-la,
em mim seus braços, qual duas correntes,
na flor da carne a marca dos seus dentes...

Mas, lembro o silêncio ao fechar a sala.
Partiu, levou meu vulto nos olhos seus,
seu corpo, meu paraíso... Adeus, amor, adeus...





        Cavalgada...

Tem um pouco de mim no teu prazer
que te põe no céu quando te invade
e a ti me dou, com tal intensidade,
que o que me sobra é só o meu viver.

Se sou louco, canto a glória de o ser
pois o vírus do amor dá insanidade.
Sou eu, milhões, toda a humanidade
plantando a semente que nos fez nascer!

Faço novas velhas formas de amar
e enquanto cai a fleuma da vaidade
vou domando a fera da tua vontade:

laço-me em ti, num ato singular,
e cavalgo, qual um peão de rodeio,
amando o teu corpo como jamais amei-o...





             Velas ao mar...

Fortaleza (CE) 28/7/00

Pescador, molhe a vela da jangada,
asa ao vento, uma ave solta no mar;
cruze ondas no céu da madrugada
jogue a rede, pão das águas vem pescar.

O céu desponta, florão d’alvorada,
ergue-se e imobilia-se no ar;
jangadeiro vai ao longo da enseada
navegando... e o mundo a navegar...

Ouça a voz do mar, olhe ´ste céu bonito,
gaivotas revoando n´amplidão
pintando a paisagem do infinito.

Ice a rede, dê sorrisos ao teu peixe,
cante pra espantar a solidão:
-Mar, não me leve... Terra, não me deixe...   

    Inácio Dantas
    Do livro (c) Sonetos para Sempre

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domingo, 8 de maio de 2011

Cinco sonetos para renascer novas paixões...



           Wilma

    (Poema inacabado)

Seu amor deu vida ao meu poema
escrevo-o sob a névoa da sua presença.
Agora somos dois -uma paixão intensa -
estamos presos numa só algema.

Que rima rara, beleza extrema,
os versos de nós dois é emoção imensa.
Meu poema brilha na penumbra densa
pois desceu dos astros por mãos Suprema.

No calor desse amor que por mim lavras
vou dando vida ao som das palavras
que ficam perfiladas lado a lado.

Mas, ao exaurir a tinta da caneta,
deixo-o caído no fundo da gaveta,
fica como o nosso amor... inacabado...





            Wanessa
           (Renascer)

Vamos amar o amor que ainda nos resta
até queimar a última centelha;
vamos deitar na cama, armar a festa
e fazer de tudo que nos der na telha...

Vamos amar até correr suor da testa
e dar beijos do pé à ponta da orelha;
fazer o corpo bailar numa seresta
até  a coisa em fogo de tão vermelha...

Vamos gastar esse resto de desejo
extinguir a chama que não se desfez,
-lenha na brasa acende outra vez!

Deixemos o frio adeus no calor dum beijo:
Tão certo quanto tem vida no ovo
amanhã esse amor vai florescer de novo!






            Vicky
         (Ex-amor)

O tempo se vai... já esqueci o seu rosto
e só lembro sua voz se lhe telefono.
Vi-a na rua, pra aumentar meu desgosto,
passou tristonha igual um cão sem dono.

Me lembrei dos abraços no frio de agosto
a lua no espaço, uma rainha no trono;
na boca um beijo pra sentir o gosto
nós dois e a noite no maior abandono.

O tempo é a escada pro infinito
mas, o último degrau ninguém quer,
pois, lá, o mundo é uma caixa de granito.

Olhei em sua face, os lábios em prece,
e disse a mim mesmo pr’aquela mulher:
-“Se me olhar mil vezes não me reconhece !”







             Úrsula
          (Outra vez)

Digam os lábios o que o olhar promete
olhos de anjo, demos da sedução;
neles vejo paz, chuva de confete,
festa de abraços, amor, fascinação...

Digam os beijos, santa intenção,
ouvir segredo não nos compromete.
Dois corpos, sol e terra em translação,
num bailar estranho de marionete...

Digam os movimentos dos quadris
em cavalgada febril, alucinante,
dando golpes de amor a cada instante.

E, membros exaustos, cansaço feliz
vejo, na magia do amor que se fez,
o desejo aceso no olhar outra vez...






              Tereza
          (Juramento)

Jurei aos céus nunca mais amar Tereza
trocar a vida louca por uma tranquila
apagar seu nome, sua voz, sua beleza
sua foto da estante destruí-la.

Jurei não amar igual Sansão amou Dalila
e quebrar o elo que me prende a Tereza.
Mas, o amor verte mel quando destila,
jurei, se vou cumprir não é certeza.

Céus, dá-me força senão eu fraquejo!
Vou renascer, achar um novo alguém,
que o melhor amor é aquele que se tem.

Céus, seca minha fonte do desejo
pois se eu cair em deslumbramento
ao vê-la nua quebro o meu juramento!

    Inácio Dantas
    do livro (c) Janela para o Mar

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